Em crise por causa da segunda onda do novo coronavírus, sem oxigênio e com o sistema de saúde em colapso, vários estados e cidades brasileiras decretaram lockdown, nesta última semana de fevereiro. No Distrito Federal, o lockdown começa na segunda-feira (1º/3). O País enterro, até agora, 251.661 pessoas mortas por Covid-19. Nas últimas 24 h, morrem da doença 1.582 pessoas
“A pandemia da Covid-19 colocou pressão adicional sobre o já problemático fornecimento mundial de oxigênio médico”, afirmou, nesta quinta-feira (25/2), a Organização das Nações Unidas (ONU).
Segundo estimativa das Nações Unidas, será necessário um investimento de US$ 1,6 bilhão (R$ 8,8 bilhões) para lidar com esta emergência global.
No comunicado, a ONU informou que muitos hospitais já enfrentaram momentos de falta de oxigênio, especialmente em países pobres, provocando mortes que poderiam ter sido evitadas e forçando famílias a terem de pagar valores extras para garantir o acesso ao gás a parentes internados.
Em comunicado, o programa ACT-Accelerator, uma iniciativa liderada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para buscar vacinas, diagnósticos e tratamentos para a Covid-19, afirmou que lançou uma força-tarefa emergencial para buscar soluções à crise.
“Esta é uma emergência global que necessita de uma resposta verdadeiramente global”, disse Philippe Duneton, diretor da agência internacional de saúde Unitaid, que participa do ACT.
A força-tarefa conta com diversas organizações, incluindo a Unicef, a agência da ONU para crianças, o Banco Mundial e as entidades The Global Fund e Save the Children.
Uma crise no fornecimento do oxigênio hospitalar eclodiu em Manaus, em janeiro, quando o aumento do número de internações fez a demanda pelo gás crescer além da capacidade de produção local.
Diante do isolamento geográfico da cidade e da reação lenta do poder público, dezenas de pacientes morreram em hospitais, parentes foram obrigados a passar horas em filas e pagar valores exorbitantes para abastecer tubos de oxigênio para pessoas doentes tratadas em casa.
A deficiência em Manaus foi, parcialmente, reduzida com a criação de um esquema logístico para transportar o gás de outros estados, por via aérea e fluvial, além de doações da Venezuela. Uma crise semelhante ocorreu no Peru neste mês.
Demanda diária
O fornecimento global de oxigênio já enfrentava limitações antes da pandemia, insumo necessário para o tratamento de outras doenças, como pneumonia, que mata cerca de 2,5 milhões de pessoas por ano. Mas a Covid-19 exacerbou o problema.
Estimativas apontam que 500 mil pacientes com Covid-19 em países de renda baixa e média precisem de 1,1 milhões de cilindros de oxigênio por dia, segundo a ONU. Em 25 nações, a maioria na África, há relatos aumento da demanda pelo gás.
“A pandemia da Covid-19 transformou o que era uma grave escassez em uma emergência”, disse Henrietta Fore, diretora da Unicef. Ela destacou que resolver os problemas no suprimento de oxigênio provocaria efeitos além do tratamento da Covid-19 e da redução o número de mortes evitáveis.
Essa iniciativa também “ajudaria a melhorar os sistemas de saúde e os tratamentos além da Covid-19 no longo prazo, até mesmo para recém-nascidos e crianças que precisam de oxigênio para sobreviver”, disse.
A força-tarefa recém-criada estima que 90 milhões de dólares (R$ 500 milhões) sejam necessários, imediatamente, para resolver gargalos no acesso e distribuição de oxigênio em 20 países, incluindo no Malaui, Nigéria e Afeganistão.
Mas a demanda por recursos para equacionar o problema é muito maior, e requer 1,6 bilhão de dólares (R$ 8,8 bilhões) apenas neste ano para estabilizar a oferta mundial de oxigênio e garantir o acesso ao gás. A Unitaid e a Wellcome, uma entidade filantrópica, afirmaram que disponibilizarão imediatamente 20 milhões de dólares (R$ 110 milhões) e pediram a outros doadores que também participem.
“Precisamos aumentar urgentemente o acesso ao oxigênio médico para assegurar que os pacientes tenham acesso independentemente de onde vivam ou da sua capacidade financeira”, disse o diretor de operações da Wellcome, Paul Shreier. “A solidariedade internacional é o caminho mais rápido – e o único – para superar esta pandemia”, afirmou.
Cidades brasileiras decretam lockdown
Na Amazônia, apesar das dezenas de doações da Venezuela, parentes de pacientes internados em hospitais com Covid-19 ainda fazem fila para recarregar cilindros de oxigênio na frente da empresa Nitron da Amazônia, no Distrito Industrial II de Manaus (AM).
No Brasil, a cidade que mais sofreu com a falta de oxigênio foi Manaus. Mas o problema se estende por todos os estados da Região Norte. No dia 14 de janeiro, houve falta do insumo de forma quase sincronizada em diversos hospitais da capital amazonense, o que fez com que os médicos tivessem de escolher entre os pacientes quais tinham mais possibilidades de sobrevivência para receberem o insumo.
Atualmente, a situação nos hospitais de Manaus está mais controlada. Há novos riscos, no entanto, principalmente, para Santa Catarina. O secretário de Saúde do estado, André Motta, disse nesta quinta-feira (25), que o sistema de saúde estadual está “entrando em colapso”, com fila de espera por leitos de UTI de Covid-19.
Não é apenas Santa Catarina, além dos sete estados da Região Norte, o Distrito Federal e Rio Grande do Sul apresentaram, nesta última semana de fevereiro, colapso do sistema de saúde por causa da Covid-19. No DF, por exemplo, o sistema de saúde entrou em colapso.
O governador Ibaneis Rocha decidiu decretar lockdown no Distrito Federal, a partir de segunda-feira (1°/3), devido à pandemia de Covid-19. “Vamos fechar tudo, exceto serviços essenciais, das 20h às 5h”, disse à coluna, na noite desta quinta-feira (25/2).
“Estamos com 92% de UTIs ocupadas e vamos tomar as providências aos poucos, na medida do que for necessário. Por enquanto, essas são as providências urgentes”, afirmou o governador.
Os servidores que não estiverem em serviços essenciais ficarão em home office.
Com informações da AFP e Metrópoles