Na atual realidade, no que tange a Pandemia da Covid-19, vive-se um período de muita apreensão e angústia, tanto nos lugares infectados diretamente, quanto nos que ainda não foram atingidos, haja vista a inevitável dor da perda pelos milhares óbitos já registrados. Compreende-se os impactos em todos os setores da sociedade, sendo a educação um dos principais, considerando que nas escolas há, inevitavelmente, um público aglomerado e um maior risco de contaminação em massa. Tanto, que logo no início da Pandemia, os órgãos públicos se manifestaram para a suspensão imediata das aulas.
No Tocantins, o Governo do Estado, através do Decreto 6065 de 13 de março de 2020, determinou como ação preventiva para o enfrentamento da Covid-19 a suspensão das atividades escolares por uma semana e, a partir desse Decreto vem prorrogando a suspensão com recomendações para adequações de atividades dentro de cada realidade escolar.
Pensar no papel social da escola é de fundamental necessidade, além de ser uma responsabilidade pública. Em momentos como o que se vive atualmente, em que as pessoas estão procurando se adequar, adaptando-se à nova realidade e, tendo como base as diferentes necessidades sociais de cada comunidade escolar, é ainda mais crucial. Para compreendê-las torna-se pertinente uma observação minuciosa sobre a dinâmica social que existe dentro da escola e assim pensar num procedimento alcançável pelos alunos para que haja realmente o enfrentamento com aprendizagem, pela qual o aproveitamento pedagógico exista e os professores possam avaliar isso no seu aluno, independente do contexto.
Sabe-se que nem só os alunos apresentam dificuldade para adaptação ao momento atual, os professores também vivem a angústia da realidade, assim como os outros públicos em todos os setores da sociedade. Há professores que perderam familiares, amigos ou apenas pessoas conhecidas para a doença e além das dores, também se preocupam com os rumos que vão dando à educação e que não veem sinais que garantam melhoria para o processo.
O professor Anderson Fonseca, que trabalha na Escola Estadual Liberdade, em Palmas falou sobre os impactos do atual momento na sua vida. “Fez um momento de pensar mais na comunhão e cuidar um pouquinho de mim, exercitei um pouquinho a paciência, aproveitei para fazer as refeições com calma e reorganizar algumas coisas na minha casa e fazer alguns ajustes com a família na questão da afetividade e questão financeira e acrescentei o hábito de andar de bicicleta para poder trabalhar o equilíbrio e a paciência”, relatou.
Enquanto professor ele disse “eu tou tentando seguir as orientações da OMS, usar máscaras, fazer a minha parte enquanto cidadão e como professor eu vejo que a educação vai entrar num processo de transição de se abrir mais as novas tecnologias, creio que vai ser usado aí mais reuniões virtuais, formações virtuais, aulas virtuais, entrar nesse mundo, acredito que as próximas décadas serão nessa transição e o professor tem que está se adaptando mas sem perder sua essência, seu propósito que o ato de educar é dentro da sala de aula, olho no olho, é importante ter as novas tecnologias mas o contato ele é muito importante”.
As aulas no Estado do Tocantins estão suspensas desde o dia 16 do mês de março de 2020. Essa realidade trouxe impacto diretamente na vida da comunidade escolar. A rotina diária foi suspensa em decorrência da necessidade do isolamento social. Há escolas que se planejam para atendimento aos alunos na modalidade a distância, online ou com atividades impressas, mas são os alunos que esperam fazer as provas do Enem que mais se angustiam mediante o momento, haja vista as principais necessidades que são as explicações dos professores em sala de aula nas quais os alunos podem tirar dúvidas, ter mais confiança no aprendizado e uma melhor preparação psicológica.
Há constante combate ao problema e consciência de que tem que ser fortalecido, porém há quem diz não terem mais tanta força para a superação. Mesmo assim vão procurando combater o mal pelos próprios esforços até mesmo buscando ajudar uns aos outros e também em atendimento aos alunos que procuram, bem como conversando com famílias pelas redes sociais e assim enfrentar o desafio juntamente com todo o mundo, mesmo vendo a grande diferença do virtual para o presencial.
A professora Vilani Araújo que sempre trabalhou em sala de aula e que recentemente passou para o apoio pedagógico na Escola Estadual Rui Barbosa, em Araguaína também falou sobre os impactos que essa pandemia trouxe para a sua vida, bem como a sua visão sobre os alunos. “Eu sempre fui professora, mas ultimamente com o meu problema de saúde estou auxiliando nas atividades pedagógicas e a pandemia afetou a minha vida como professora, muito, muito, muito. Por mais que a gente tenha vontade de tá conduzindo conhecimentos, se aprimorando mais aí vem aquela angústia por não poder no momento ajudar diretamente os colegas, por isso estou sofrendo muito com toda essa situação que não sei quando vai passar e fico imaginando a angústia dos alunos, principalmente os que vão fazer as provas do Enem que sempre tiveram a ajuda, as orientações dos professores e agora tem que virar sozinhos, tudo isso tá muito difícil, precisamos de muito apoio e foco no que cada um pode fazer para ajudar o todo e daí vamos seguindo com fé que vamos vencer também esse desafio e voltar pra escola e reencontrar todos”, enfatizou.
Diante dos fatos e, mesmo havendo orientações para que os alunos estudem a distância, entende-se que não há como substituir a importância da figura do professor no contexto junto aos alunos, especialmente pela sua responsabilidade de ensinar e aprender, conviver e compartilhar novos conhecimentos, compreender e orientar quanto às dificuldades dos alunos e assim manter um relacionamento de amizade com respeito e reciprocidade construídos durante o tempo letivo escolar.
Contudo, os impactos da Pandemia da Covid-19 podem trazer angústias, mas os professores estarão sempre na linha de frente como principais combatentes de saberes, defendendo como necessidade básica a aprendizagem dos alunos e os resultados de bons êxitos em cada participação.
Maria do Carmo Ribeiro é professora aposentada da rede estadual do Tocantins, estudante de Jornalismo da Universidade Federal do Tocantins, diretora de Formação e Comunicação da FACOMTO e idealizadora do Projeto Cinema em Casa com as Crianças em Palmas