Organização do Tratado do Atlântico Norte, doravante OTAN, é um risco real.
Dizem que, numa guerra, a primeira morte é a da verdade. Mais correto seria colocar a verdade como a primeira vítima do imperialismo.
A massificação de um maniqueísmo hollywoodiano como instrumento de análise dos fatos e a produção de emoções, como bem colocou Domenico Losurdo, são armas do controle da classe dominante.
Cada nova grandiloquente estreia cinematográfica reforça a tônica dos meios de comunicação hegemônicos, principalmente os ocidentais, em noticiar como louvável cada postura estadunidense, sempre retratando o imperialismo como mocinho. E, assim, todo cuidado é preciso a fim de evitar que até o neonazismo seja apresentado com tons de heroísmo.
O ano é o de 2014. Um golpe de estado financiado pelos EUA abre terreno para mais um avanço da OTAN em direção às fronteiras russas. O local? A Ucrânia. As novidades? Depois do golpe é normal, à luz do dia, ser neonazista.
Desde o fim da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), em flagrante desrespeito a promessas e acordos, os EUA, por meio da OTAN, iniciaram uma expansão em 4 fases, cooptando inclusive os países do antigo Pacto de Varsóvia em torno da Rússia soviética. Hungria, Polônia, República Tcheca, Bulgária, Estônia, Romênia, Eslováquia, Croácia e outros países aderiram à OTAN, concluindo mais uma etapa na agressiva marcha para o Leste.
A Ucrânia era o degrau mais estratégico (e por isso perigoso) dessa expansão. Para a concretização desse projeto expansionista a fábrica de golpes norte americana entrou em ação. No ano de 2014, um golpe na nação ucraniana marcou, definitivamente, o afastamento da Rússia, a aproximação com o Ocidente e a consolidação do neonazismo na região.
Desde então a Ucrânia tem sido a referência para os neonazistas. Aqui no Brasil, quem não se lembra da débil figura de Sara Winter dizendo que tinha sido treinada na Ucrânia e que o Brasil deveria passar por um projeto de ucranização? E nas manifestações bolsonaristas cada vez mais era possível identificar a utilização de símbolos referentes a essa nova Ucrânia.
É bem verdade, ainda hoje identificamos, mesmo dentro da esquerda, negacionistas a respeito da aproximação do governo ucraniano a milícias neonazistas. Vale lembrar que o Batalhão de Azov, uma das milícias mais conhecidas, participou dos eventos em 2014 sob o comando de Arsen Avakov, ministro do interior ucraniano.
O batalhão de Azov possui partido, editora e até campo de treinamento para crianças e faz parte da Guarda Nacional desde 2014, estando a organização vinculada ao Ministério do Interior da Ucrânia. Um dos seus fundadores, Andriy Bilietsky, eleito vereador, disse que o governo da Ucrânia fornecia armamento para o Batalhão.
Os negacionistas de esquerda utilizam como argumento a afirmação da Ucrânia e do próprio presidente fantoche, Zelensky, de que o Batalhão de Azov não seria uma entidade nazista. No entanto, tais declarações são refutadas por uma análise dos símbolos e emblemas de forte inspiração nazista, além da defesa da supremacia branca que conduz suas ações.
Social National Assembly, Pravyy Sektor, C14, Pavlograd, Ukrainian Volunteer Corps, UNA-UNSO, Dnipro-1 Regiment, Fraykor, Batalhão de Donbas são outros grupos neonazistas. E aos que utilizam o fato do presidente ucraniano ser judeu, como bem destacou o cientista social Marcelo Gruman, a identidade judaica de Zelensky “lamentavelmente, não é salvo-conduto ou garantia alguma que seu governo combata ou não seja cúmplice das milícias neonazistas”.
Com a ascensão dos grupos neonazistas, as minorias, comunistas e russos que vivem no país passaram a ser perseguidos: desde 2014 foram assassinadas cerca de 14 mil pessoas. Um dos casos mais emblemáticos, retratado pela mídia ocidental apenas como um prédio em chamas, é o Massacre do Sindicato de Odessa, quando 46 militantes comunistas foram assassinados por milícias neonazistas que colocaram fogo no prédio do sindicato e não permitiram que as pessoas saíssem.
Confirmando a veia neonazista do novo governo ucraniano, colaboracionistas da Alemanha Nazista foram elevados ao status de heróis nacionais. Dentre eles, um mais conhecido, Stepan Bandera, perseguidor implacável de comunistas e judeus ucranianos, teve monumentos construídos em sua homenagem, além de dar nome a uma avenida.
É nesse contexto que são proclamadas as repúblicas populares de Donetsk e Luganks, que passam a ser o principal alvo de ataques dos neonazistas, diariamente bombardeadas pela Ucrânia.
Ainda que não se defenda, é possível entender as razões que culminaram na reação russa compreendendo-se a conjuntura exposta, a qual envolve grupos neonazistas, tensões e escalada da violência nas fronteiras e a possibilidade de bases da OTAN, nas proximidades e com capacidade nuclear.
Os meios de comunicação ocidentais retratam a guerra na Ucrânia numa linguagem hollywoodiana que ignora o imperialismo e legitima as agressões de um lado, o norte-americano, sempre apresentadas como libertárias e democráticas.
A produção e controle das emoções são evidentes quando acompanhamos, por exemplo, as coberturas dos eventos pela mídia hegemônica no Brasil, alçando Zelensky a herói. Há aqueles mais distantes da realidade que o fazem equivaler a um Churchill, escondendo, é claro, o viés neonazista da atual gestão ucraniana.
Esse controle de emoções permite com que a guerra na Ucrânia seja vista como algo inaceitável, altamente ultrajante, enquanto os bombardeios de Somália, Síria, Iêmen e as agressões contra os palestinos passam como eventos corriqueiros, invisíveis, que sequer merecem a atenção da mídia, dos chefes de estados ocidentais e de entidades várias, inclusive as esportivas como a FIFA.
Cabe uma observação: ficaria demasiado extenso o presente texto se fossem enumeradas todas as agressões perpetradas pelos EUA à soberania de inúmeras nações ao longo do século XX e durante todo século XXI.
A existência e expansão da OTAN já ultrapassaram a condição de ameaça, tratando-se de risco real contra a existência da humanidade, diante dos seus avanços até então irrefreáveis. Constituindo uma provocação à potência nuclear russa, infelizmente é de se esperar alguma resposta terrível como a de uma guerra.
Mas inexistem santos nessa disputa e devemos estar sempre ao lado dos povos na luta por sua real emancipação. É deveras apressado sustentar o nascimento de uma nova ordem mundial, mas assaz prudente entender as possíveis consequências da “questão ucraniana”.
Ainda que sempre tenham existido, ainda que façam sentido para grupos de interesse e países (e mais ainda na lógica do capitalismo e das rivalidades inter-imperialistas), a indústria armamentista, os orçamentos militares e as guerras (salvo as de resistência contra o explorador e o opressor) são aberraçōes na história da humanidade que devem ser extintas o mais rápido possível, dando lugar à paz, ao socialismo e ao gasto prioritário para combater, em todo o planeta, a fome, a miséria e a destruição do meio-ambiente.
O fim da OTAN, o cessar-fogo russo, o combate ao neonazismo que aflora em todo o mundo, o reconhecimento da independência de Donestk e Luganks são questões essenciais para a sobrevivência tanto da população ucraniana quanto de toda humanidade.
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