Difícil estar em um ambiente onde estejam três mulheres e não fazer parte da história deste ambiente a violência doméstica, abusos sexuais, o assédio moral.
É significativo no Brasil ainda ter parte da população, dos meios de comunicação e dos que se dizem a elite pensante do país, a comemoração da miscigenação sem reflexão sobre o que o estupro das indígenas e das africanas significou para essas populações e as consequências que ainda reverberam na sociedade.
Essa é a síntese do Patriarcado, tão conveniente ao capitalismo, que precisa da desvalorização das mulheres para pagar menores salários e sustentar sua tripla jornada de trabalho, responsabilizando-as o de cuidados com crianças e idosos – negligenciado pelo Estado – e doméstico de forma não remunerada.
Ainda assim, a visão liberal – que há algum tempo se apropriou da palavra sororidade – lembra o combate contra as violências individuais, mas o desvincula do contexto político social. A sororidade individual não resolve o problema, enquanto as violências que culminam no feminicídio não forem entendidas, não como um problema individual, mas como parte do sistema capitalista, que é em sua gênese patriarcal e racista, as estatísticas seguirão aumentando enquanto o neoliberalismo fascista avança no Brasil e no mundo.
É preciso vencer a ordem conservadora, apoiada no fundamentalismo e na exploração econômica das populações pobres, levada ao governo por setores ultraconservadores em 2018, os quais os piores ataques têm sido deflagrados contra as mulheres.
E é fundamental voltar a traçar o caminho de construção de outra sociedade, na qual – na contracultura da atual – estará o feminismo e a luta contra o machismo, o racismo, a LGBTfobia e a exploração de classe. As mulheres do campo progressista foram nos últimos anos baluarte da resistência e da luta por justiça. O medo trazido por nosso cotidiano patriarcal não nos impede de lutar. Seguiremos lutando até que todas sejamos livres.0