As forças de segurança carregaram e prenderam pelo menos três pessoas durante uma mobilização, em Buenos Aires, em defesa do sector audiovisual, confrontado com cortes, despedimentos e privatizações
A mobilização, que teve lugar esta quinta-feira à tarde à frente do Cinema Gaumont (que o governo de Milei pretende encerrar e vender), foi convocada pela plataforma Unidos pela Cultura e a Associação dos Trabalhadores do Estado (ATE).
Além de denunciarem os planos para a centenária sala, centenas de pessoas juntaram-se para protestar contra os grandes cortes na Cultura e os despedimentos no sector.
Denunciaram também as medidas de Carlos Pirovano, presidente nomeado do Instituto Nacional de Cinema e Artes Audiovisuais (Incaa), que acusam de ser um homem do mundo das finanças e sem conhecimento do importante mundo da criação cinematográfica no país austral.
Além disso, os manifestantes defenderam a continuidade dos apoios aos festivais federais, o não encerramento de escolas de cinema e fotografia, e das plataformas Cine.ar e Cine.ar Play.
Segundo refere o diário Página 12, a mobilização assumiu um carácter «massivo», com a participação de trabalhadores do cinema e de outras áreas artísticas, de dirigentes sindicais, de organizações sociais e partidos políticos.
No momento em que os organizadores estavam a dar uma conferência de imprensa, de forma pacífica, a Polícia carregou contra as centenas de pessoas presentes, com empurrões, à bastonada e usando gás lacrimogéneo.
Em declarações à imprensa, o actor Leonardo Sbaraglia destacou a dimensão e a violência da operação policial, «como se estivéssemos armados com espingardas».
«Não temos nada», afirmou, antes de sublinhar que a mobilização era em defesa do cinema argentino, frente a um local emblemático, «onde se estreiam filmes que não se podem exibir noutro lado, onde se defende uma arte que o mercado não apoia».
Greve no Ensino Superior público com «adesão total»
Também esta quinta-feira, trabalhadores docentes e não docentes das 57 universidades públicas da Argentina estiveram em greve, para denunciar os cortes orçamentais e defender a valorização dos salários.
![De acordo com os sindicatos, a paralisação dos trabalhadores docentes e não docentes do Ensino Superior público na Argentina foi total / Página 12](https://brasilpopular.com/wp-content/uploads/2024/03/argentina8.jpg)
A paralisação nacional foi convocada pela Frente Sindical das Universidades, com o apoio da Confederação Geral do Trabalho (CGT) e os dois ramos da Central dos Trabalhadores da Argentina (CTA e CTA Autónoma).
«Desde que Milei é presidente, sofremos 70% de inflação, enquanto os nossos salários apenas subiram 16%», declarou à imprensa Daniel Ricci, secretário-geral da Federação dos Docentes das Universidades (Fedun), acrescentando que «a adesão à greve foi total».
Vincando a necessidade de reverter os cortes orçamentais e de maiores aumentos salariais (tendo em conta a «perda» de 50% do salário nos três meses de governo de Milei), as organizações sindicais afirmaram que a medida de força foi tomada também em defesa do Ensino Superior público, «para que milhares de jovens tenham direito a estudar e para que o país tenha um sistema científico-tecnológico para o seu desenvolvimento autónomo».