A mídia do grande capital traz relatos de que o presidente Jair Bolsonaro afastou o desqualificado chanceler Ernesto Araújo das negociações com a China e vai, ele próprio, telefonar para líder comunista, Xi Jin Ping, que também e o presidente da nação asiática. Objetivo: solicitar liberação dos insumos para a fabricação, no Brasil, da vacina chinesa Sinovac, pelo Instituto Butantan.
A informação em si já tem muitas mensagens. Bolsonaro, presidente de um país que possui inúmeras dependências do exterior, entre elas, a de insumos farmacêuticos, depois xingar, hostilizar e tentar ignorar a China, por ter feito uma Revolução Socialista, agora tem de engolir sua arrogância, e, frente à incontornável situação de um pais dependente, e obrigado a reconhecer a superioridade asiática, solicitando, implorando, que o governo comunista agilize a liberação dos insumos para o fármaco.
Para um anticomunista doentio, nada mais humilhante. Mas, e se durante o telefonema o líder comunista também resolver fazer uma solicitação ao brasileiro? E se pedir que o Brasil libere a participação da empresa chinesa Hauwei nos leilões para a escolha da tecnologia 5G, que Bolsonaro dizia que era instrumento de espionagem? Bolsonaro tem moral, estatura, independência e coragem para dizer o que pensa? Claro que não! Vai ter de engolir um baita sapo, vermelhinho como a bandeira chinesa.
A paciência e a sabedoria chinesas breve, breve mostrarão o resultado do impasse de um país dependente, que compra um produto sem ter desenvolvimento industrial próprio, genuinamente nacional, para completar o ciclo. Resultado da nefasta política de privatização, iniciada por Fernando Collor de Mello, que extinguiu a Central de Medicamentos (Ceme), estatal criada no período militar, com o objetivo de criar uma indústria química de base no Brasil, visando a superar a vulnerabilidade brasileira na área de medicamentos, dependente de indústrias farmacêuticas transnacionais, imperialistas e sabotadoras, o que representa , ainda hoje, um verdadeiro problema de segurança nacional.
E a outra pergunta, quase afirmação: por que Bolsonaro não vai telefonar para o presidente Nicolás Maduro? Humilhar-se frente à China, e uma imposição do grande capital brasileiro, que tem nos asiáticos o seu respiradouro econômico, sem qualquer outra alternativa para ter outros mercados. Mas, Nicolás Maduro deu determinação de próprio punho enviando uma caravana de jamantas com milhares de metros cúbicos de oxigênio para uma asfixiada Manaus.
Maduro demonstrou que tem visão logística latino-americana, geopolítica e solidária. Foi um golaço de Maduro que deixou Bolsonaro nocauteado moralmente, a resmungar frases sórdidas, do tamanho de sua estatura política e moral. Não vai ligar para Maduro, nem para agradecer, pois qualquer coisa que dissesse apenas ampliaria a simpatia e o reconhecimento dos brasileiros pela grandeza do gesto bolivariano solidário.
(*) Beto Almeida – jornalista