Um novo mês se inicia e assim como ocorre com o outubro rosa, contra o câncer de mama e novembro azul, câncer de próstata, dezembro se caracteriza com a cor vermelha, com objetivo de chamar a atenção para as medidas de prevenção, assistência e proteção e promoção dos direitos das pessoas infectadas com a Aids. E junto com esse início de campanha, uma ótima notícia vinda da ciência: um protótipo de vacina contra o HIV chega em sua última etapa de testes, pela primeira vez em mais de 10 anos.
A pesquisa foi publicada na revista científica The Lancet. A imunização foi desenvolvida pela empresa Janssen e utiliza a mesma tecnologia contra a Covid-19: um adenovírus modificado para transportar, até o interior das células do indivíduo, o DNA de suas proteínas mais representativas, de modo que o organismo crie anticorpos contra elas. Na verdade, são duas vacinas. Uma será codificada com três proteínas, enquanto a outra com quatro, que por ter esta mistura se chamam mosaico.
De acordo com o pesquisador da Janssen, Antonio Fernández, elas superaram os estudos de segurança e verificou-se que ambas criam anticorpos, como atesta um artigo na The Lancet, mas resta saber se funcionarão em condições reais. O ensaio durará de 24 a 36 meses para verificar a permanência e intensidade da proteção. Até então, a última tentativa anterior de conseguir uma vacina contra o HIV acabou em 2009, quando se verificou que só evitava 30% das infecções.
Segundo dados divulgados pelo Ministério da Saúde, cerca de 920 mil pessoas têm HIV no Brasil atualmente. Desses, 89% foram diagnosticadas com a doença, 77% fazem tratamento com antirretroviral e 94% das pessoas em tratamento não transmitem o HIV, já que têm carga viral indetectável. A pasta estima que aproximadamente 10 mil casos de Aids foram evitados no Brasil entre 2015 e 2019. O maior número de casos está entre jovens de 25 e 39 anos, dos quais 52,4% são do sexo masculino e 48,4% são do feminino.
Acredita-se que o primeiro caso no Brasil tenha ocorrido em São Paulo há exatos 40 anos, em 1980, mas o diagnóstico só foi confirmado dois anos mais tarde.
De lá para cá, muita coisa mudou: a Aids deixou de ser um desconhecido, os tratamentos avançaram e, de incurável e letal, passou a ser tratada como uma doença crônica, que demanda tratamento ao longo de toda a vida.
Com informações da revista The Lancet e do Ministério da Saúde