Diante da choradeira da mídia corporativa pela retenção de dividendos, presidente da estatal lembra o óbvio: “É preciso de uma vez por todas compreender que a Petrobras é uma corporação de capital misto controlada pelo Estado brasileiro”
O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, usou sua conta no X (antigo Twitter), na noite de ontem (13), para refutar as declarações da mídia comercial de que haveria intervenção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na empresa estatal. A razão da choradeira seria a decisão de adiar e reservar parte dos dividendos que seriam distribuídos aos acionistas.
“Falar em ‘intervenção na Petrobras’ é querer criar dissidências, especulação e desinformação”, afirma Prates. Ele Prates destaca ainda o óbvio: “É preciso de uma vez por todas compreender que a Petrobras é uma corporação de capital misto controlada pelo Estado brasileiro, e que este controle é exercido legitimamente pela maioria do seu Conselho de Administração”.
“Isso não pode ser apontado como intervenção! É o exercício soberano dos representantes do controle da empresa. É legítimo que o CA se posicione orientado pelo Presidente da República e pelos seus auxiliares diretos que são os ministros. Foi exatamente isso o que ocorreu em relação à decisão sobre os dividendos extraordinários”, destaca ainda.
Segundo Prates, somente quem não compreende (ou propositalmente não quer compreender) a natureza, os objetivos e o funcionamento de uma companhia aberta de capital misto com controle estatal pode pretender ver nisso uma intervenção indevida.
“Vamos voltar à razão e trabalhar para executar, eficaz e eficientemente, o Plano de Investimentos de meio trilhão de reais que temos pelos próximos cinco anos à frente, gerar empregos, renda, pesquisa, impostos e também lucro e dividendos compatíveis com os nossos resultados e ambições.”
Dividendos continuam altos
“Entre as seis maiores petroleiras do mundo, a Petrobras foi a terceira empresa que mais distribuiu dividendos a acionistas em 2023, e a sexta em receitas, na comparação com as demais companhias internacionais do setor”, destaca o coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar, ao comentar a proposta do conselho da administração da Petrobras de distribuição de dividendos ordinários de R$ 72,4 bilhões em 2023.
“Os dividendos da companhia continuam altos em 2023. Embora sejam inferiores aos megadividendos pagos no último biênio (média anual de R$ 155,7 bilhões), são cerca de 12 vezes superiores à média histórica observada entre 2003 e 2020 (R$ 5,9 bilhões)”, diz Bacelar, citando dados da Petrobras elaborados pelo Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep).
O dirigente da FUP aprovou a decisão do governo de ter um representante do Ministério da Fazenda no CA da Petrobras. “Certamente, dará maior equilíbrio às decisões do conselho de administração em benefício da empresa”, avalia.
Ataques especulativos
Para Bacelar, a queda das ações e do valor de mercado da Petrobras nos últimos dias é fruto de ataques especulativos: “A gestão da Petrobras não pode ficar refém do jogo do mercado financeiro, frustrado pelo não pagamento de dividendos extraordinários”, disse Bacelar, lembrando que a FUP e a Associação Nacional dos Petroleiros Acionistas Minoritários da Petrobras (Anapetro) apresentaram denúncia à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), na última sexta-feira, 8, contra a ocorrência de operações atípicas com as ações da Petrobras, que provocaram forte oscilação na cotação dos papéis na Bolsa de Valores de São Paulo.
A representação à CVM aponta suspeitas de uso de informações privilegiadas (insider trading) e de manipulação do mercado e exige a urgência de investigações, processos administrativos e judiciais.
Ao comentar os resultados da Petrobras no exercício de 2023, Bacelar afirmou que “depois de enfrentar anos de desinvestimentos e descapitalização, com pagamentos recordes de dividendos, venda de ativos estratégicos e redução sistemática de seus investimentos, a Petrobras mostra que se fortaleceu em 2023, retomando ciclo de crescimento e consolidando modelo de gestão do governo Lula”.
Além de um lucro líquido de R$ 124,6 bilhões, o segundo maior da história da companhia, todos os indicadores operacionais da companhia foram positivos, conforme balanço da empresa divulgado na semana passada, após reunião do conselho de administração da companhia, na última sexta-feira (8).
Leia também: Petrobras não tem de pensar só nos acionistas, diz Lula
“Os investimentos voltaram a crescer na atual administração da Petrobras, saindo de R$ 49,6 bilhões, em 2022, para cerca de R$ 60,3 bilhões em 2023, com elevação de 21,5% na comparação anual. A ampliação de investimentos tem que continuar e em escala ainda maior, pois é fundamental para solidez financeira da Petrobras, desenvolvimento do país, geração de emprego e renda”, ressaltou Bacelar.