O Pró-Brasil é um esboço de programa do governo federal, coordenado pelo Ministro-Chefe da Casa Civil, General Braga Netto, com a participação de onze ministérios, visando à retomada da economia, após o fim do isolamento social, o que deverá ocorrer em julho/agosto.
Essa medida, no entanto, não é consensual no governo. De um lado, apoiando fortemente o programa, está a ala militar mais o Ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas. Do outro lado, divergindo conceitualmente do programa, o Ministro da Economia, Paulo Guedes, mais o Ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo. A ala militar mais o ministro Tarcísio defendem que sejam realizados investimentos públicos significativos para gerar emprego e renda, o que é questionado com vigor pelo Ministro da Economia.
A linha divisória é o teto dos gastos. A equipe econômica defende que não seja ultrapassado o teto de gastos já definidos para o orçamento deste ano. A ala militar entende que o país estará numa situação de colapso econômico, com aumento do desemprego e redução da renda e que, somente com um razoável volume de obras públicas será possível minimizar as perdas decorrentes da pandemia do Covid-19. O que justificaria ultrapassar o teto de gastos.
Na 4ª feira (6/5), a equipe econômica tentou convencer a ala militar de que bastariam as privatizações para gerar emprego e renda. Tudo indica, no entanto, que a ala militar não foi convencida. Primeiro, por entender que não será fácil vender empresas neste momento de crise mundial. Segundo, devido à não garantia de que esse dinheiro irá para as atividades produtivas, onde seriam gerados os empregos e rendas necessárias.
Sendo assim, permanece o impasse, uma vez que o próprio presidente ainda não decidiu que linha será adotada. Pelo menos, para alguma coisa serviu a pandemia: provocar rachaduras na então intocável política neoliberal do Ministro Paulo Guedes.