Com o objetivo de tornar obrigatório o ensino de Educação Ambiental na grade curricular dos estudantes em todas as escolas em Brasília, crianças da primeira série de uma escola particular entregaram nesta semana, na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), proposta para que o tema vire lei.
O aluno Rafael Chrit, que fez parte do grupo de 15 crianças que estão na alfabetização e entregaram a proposta aos deputados distritais, destacou. “A gente veio apresentar um projeto para que todas as escolas do DF ensinem as crianças a tratar e a cuidar do lixo”, disse o garoto de sete anos.
A escola onde estuda Rafael não é um colégio convencional. As turmas têm nomes de árvores e as crianças – de sete meses a dez anos – têm contato direto com o meio ambiente. Política não é um tabu e o aprendizado se propõe como inovador. “Os alunos põem os pés descalços no chão e colhem frutas nas árvores”, anuncia um vídeo publicitário divulgado numa rede social.
A Escola da Árvore fica na Serrinha do Paranoá-Lago Norte a cerca de 20 quilômetros do centro de Brasília. O colégio se baseia na Pedagogia Freinet, que cria uma atmosfera de trabalho livre e criativo, onde as crianças e professores pesquisam, trocam experiências e debatem os problemas do dia a dia. A professora Mariana Pirineus, que leciona no colégio, explica como surgiu a ideia do projeto de lei.
“Aliamos o conteúdo do currículo e construímos a educação dos alunos. Com as crianças pesquisamos vários temas como o mar, o cerrado, o universo e dessa vez a gente escolheu o lixo e a gestão de resíduos sólidos. Então fomos à Cachoeira do Córrego do Urubu e lá encontramos muito lixo. Temos a perspectiva de pensar as crianças como cidadãs, que atuam tanto politicamente e humanamente para transformar o meio onde elas estão”, conta Mariana.
A visita dos alunos à CLDF foi proposta pelo deputado distrital Fábio Félix (Psol). Para o parlamentar, esse problema resultante dos resíduos sólidos é muito sério e a iniciativa apresentada pelos alunos é muito importante para o futuro da cidade.
“A situação da gestão de resíduos no DF é muito ruim. Não existem políticas públicas ou incentivos sérios. A população não sabe separar corretamente, as cooperativas de reciclagem trabalham sob condições precárias e, no fim, quem paga a conta somos todos nós, enquanto sociedade. O que motivou essas crianças a criarem esse PL, por exemplo, foi uma visita ao Córrego do Urubu, onde encontraram muita poluição. Precisamos que a educação ambiental integre não só os currículos escolares, mas os planos de governo e as manchetes dos jornais”, chama atenção Félix.
A diretora do Sindicato dos Professores no DF (Sinpro), Rosilene Corrêa, vê a iniciativa de forma positiva, uma vez que o meio ambiente está entre as grandes preocupações dos jovens atualmente.
“O mundo exige de nós a preservação da natureza e essa política como prioridade. Inclusive, o Sinpro está organizando uma campanha para incentivar as escolas públicas a fazerem esse debate e ter essa prática. Precisamos educar a meninada”, destaca Rosilene.
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