Governador empurra projeto de escolas cívico-militares goela abaixo de professores e alunos, tornando estado um laboratório do segregacionismo bolsonarista
O governador do Paraná, Ratinho Júnior, do PSD, abraçou de vez o projeto bolsonarista de implantação de escolas cívico-militares pelo país. Disposto a transformar o estado que governa no maior laboratório brasileiro dessa política educacional da extrema direita, o político, filho do apresentador de TV e empresário Ratinho, empurra a conversão de colégios em miniquartéis goela abaixo de professores e alunos. De quebra, dificulta o acesso ao ensino a estudantes com algum tipo de deficiência, mostrando que está alinhado às ideias segregacionistas do ministro da Educação, Milton Ribeiro.
No começo de setembro deste ano, pais e alunos tiveram uma mostra de como esse modelo de escola, com PMs trabalhando como educadores, pode funcionar: o Ministério Público do Paraná denunciou um policial da reserva que trabalhava como monitor de uma escola cívico-militar em Imbituva, no interior do estado, depois que ele interrompeu uma aula para tirar da sala um estudante que tinha feito um desenho de uma folha de maconha em sua carteira. Segundo o MP, o policial agrediu o adolescente com um soco na nuca e o ameaçou dizendo que “já tinha matado vários e que ele não iria fazer diferença”.
Mas Ratinho Júnior se esforçava para tornar seus miniquartéis realidade desde setembro do ano passado. No dia 14, o governador enviou à Assembleia Legislativa do Paraná, a Alep, um projeto de lei para instituir o programa de educação militarizada no estado. A proposta tramitou em regime de urgência e foi aprovada em sessões remotas no dia 29 do mesmo mês – 15 dias após ser apresentada.
Uma semana depois, em 6 de outubro, o governador sancionou a lei proposta por ele mesmo. No dia 26, anunciou que 216 das cerca de 2 mil escolas da rede estadual de ensino haviam sido escolhidas para integrar o programa cívico-militar.
A lei previa a realização de uma consulta pública com a votação de pais, alunos maiores de 18 anos, professores e funcionários para a confirmação ou rejeição da conversão de cada escola. Um dia depois de Ratinho Júnior divulgar a lista e sem tempo para qualquer debate entre a comunidade escolar, a eleição começou. Em plena pandemia do novo coronavírus, enquanto órgãos de saúde recomendavam o isolamento social, ela foi realizada de forma presencial, com votação aberta e terminou assim que o quórum mínimo de votantes foi atingido em cada escola.
“O professor que era contra o modelo cívico-militar tinha que deixar registrada sua opção em frente ao seu nome para qualquer um ver. O temor de represália era grande”, explicou a secretária-geral do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Estado do Paraná, Vanda Bandeira Santa.
Clique aqui e leia reportagem completa no site The Intercept_Brasil