A Refinaria Landulpho Alves (RLAM), localizada em São Francisco do Conde, na Bahia, foi vendida em um leilão da Petrobras no dia 30 de novembro de 2021, para o fundo financeiro Mubadala Capital, de Abu Dhabi, nos Emirados Árabes. A venda foi no valor de US$ 1,8 bilhão, equivalente a R$ 10,1 bilhões na época.
O caso da venda ressurge após políticos e jornalistas apontarem propina nas joias enviadas pelo governo árabe para o governo Bolsonaro em outubro de 2021. O envio foi feito um mês antes do fim das negociações, em outubro.
Vendida abaixo do preço
De acordo com o jornal Estado de Minas, o Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep) calculou que a refinaria baiana estava estimada entre US$ 3 bilhões e US$ 4 bilhões. Mas foi vendida inicialmente por US$ 1,65 bilhão. Segundo a reportagem, a refinaria chegou ao valor final de R$ 1,8 bilhão após cumprimentos de condições.
Os valores foram questionados em audiência pública na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle (CFFC) da Câmara dos Deputados no dia 01º de junho. A Petrobras explicou que os valores foram ajustados pelo impacto da pandemia de covid-19, mas Eduardo Costa Pinto, professor do Ineep não concordou.
A audiência pública foi requerida e presidida pelo deputado Jorge Solla (PT-BA). “Até a turma da XP Investimentos, que quer privatizar tudo, viu que tem coisa errada aí. O presidente da Petrobras (na época, Roberto Castello Branco) foi questionado sobre essa venda pelos engenheiros e funcionários da Petrobras, e sua carta com esclarecimentos deixou mais dúvidas do que respostas. Metade do valor é um deságio que não faz sentido”, disse em fala publicada pela Frente Única dos Petroleiros (FUP).
Após a venda, a refinaria Landulpho Alves passou a se chamar Refinaria de Mataripe em 01° de dezembro de 2021 com o início da gestão da Acelen, empresa criada pela Mubadala Capital.
“Presentes” do governo árabe
Em outubro de 2021, uma comitiva do Ministério das Minas e Energia visitou o governo da Arábia Saudita e voltou com dois conjuntos de joias destinados a Presidência da República.
Um dos conjuntos, formado por colar, par de brincos, relógio e anel de diamantes da marca Chopard, além de uma escultura dourado de um cavalo com as pernas quebradas, foi apreendido pela Receita Federal na Alfândega do Aeroporto de Guarulhos. As joias estavam na bagagem de um assessor do governo.
O segundo conjunto, composto de relógio, anel, abotoaduras, caneta e rosário, não foi apreendido pela Receita e possui recibo oficial datado de 2022.
Ambos os conjuntos estão sendo investigados pela Receita Federal e pela Polícia Federal.
Foto: Divulgação/Petrobras
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