A grande beneficiada com escalada mundial dos preços gerada pelas sanções do presidente Joe Biden contra Wladimir Putin, responsáveis por desorganizar cadeias produtivas globais, será a China, porque só ela consegue, por meio dos bancos públicos, produzir, competitivamente, com juro baixo, ao contrário, por exemplo, dos Estados Unidos, seu grande concorrente, que, diante da inflação alta precisam puxar juros, cujos efeitos são custos maiores de produção e perda de competitividade do capitalismo americano, tocado pela banca privada, para o capitalismo chinês.
Ademais, o acordo comercial China-Rússia, sem limites, firmado antes do início da Guerra na Ucrânia, que permitirá aos dois países, agora, aliados, troca de moedas nas suas relações bilaterais, extensivas a toda Eurásia, favorecerá desdolarização relativa das economias russa e chinesa, livrando-as das especulações decorrentes da expansão dos derivativos em dólar, que ampliam dívidas externas dos países dependentes do padrão-dólar, agora, afetado pelas mudanças monetárias baixadas por Putin para se proteger das sanções imperialistas; não seria o caso de o Brasil fazer a opção preferencial pela China, no engajamento ao Banco Brics, como prega a ex-presidente Dilma Rousseff; para o país, igualmente, escapulizar a desdolarização?
Se China e Rússia poderão se livrar, em termos relativos, da dolarização nas relações de troca, lançando mão de suas respectivas moedas, no contexto de novo sistema monetário em construção, esse não seria o caso a valer, positivamente, para o Brasil e demais países ocidentais, pelo menos até o momento, em que as tensões de guerra levam os americanos a pressionarem aliados com toda sorte de ameaças; as consequências inflacionárias impulsionadas pelo padrão-dólar deverão, por sua vez, estimular novas relações de trocas, quanto mais os meios de pagamento globais se desvincularem das instituições criadas pelos Estados Unidos, para dar lugar a alternativas como as que estão montando China e Rússia.
Enquanto isso não se generaliza, com velocidade com que está se dando relativamente às relações China e Rússia, continuarão crescendo fortemente as pressões inflacionárias produzidas pela dolarização econômica e financeira mundial, no contexto em que os preços das matérias primas, com a guerra, passaram a se valorizar mais que a moeda papel sem lastro real, como é o caso do dólar; se o lastro real da economia americana, que tem sido a sua pujança internacional, perde a corrida para a China, em ambiente, cronicamente, inflacionário, como é o da guerra da Ucrânia, a tendência de desgaste da moeda americana se acentua.
Dólar requer a paz e não a guerra
A contradição, necessariamente, impõe-se, no sentido de que quanto maior a duração da guerra, maior perigo de desgaste da moeda dos Estados Unidos; contraditoriamente, portanto, o dólar passa a depender mais da paz do que da guerra, para não se sucumbir; a instabilidade bélica, enquanto favorece indústria armamentista, por um lado, abala o dólar como moeda hegemônica internacional; Tio Sam, nesse contexto de instabilidade geral dos preços, afetado pela desvalorização da moeda americana, vira presa fácil para a maior competitividade chinesa, na corrida pela dominação dos mercados; as mercadorias chinesas, favorecidas pelo juro baixo, ofertado pela banca pública, característica central do capitalismo híbrido chinês, entrarão mais facilmente nos mercados mundiais, impondo senhoriagem em relação ao dólar e deslocando as mercadorias de Tio Sam.
Sobretudo, favorece, ainda, a China o fato de que Putin exige que os dólares que entram na Rússia sejam convertidos em rublo, no BC russo, independente da banca privada; também, no plano monetário, os chineses, ao contrário dos americanos e seus aliados, expostos à total influência do abalado padrão-ouro, sairão em vantagem, diante do acordo comercial China-Rússia, que garante flexibilidade nas relações de trocas bilaterais, na tarefa que os dois países se empreendem conjuntamente para expandir as fronteiras comerciais, financeiras e econômicas em geral rumo à Eurásia, na materialização da Rota da Seda.
O efeito demonstração decorrente do desdobramento das contradições desatadas pela guerra, que valoriza o rublo e acelera parceria rublo-yuan, sinaliza ao mundo ser mais negócio desdolarizar a economia global como fator de combate à inflação; potencializaria interesse geral em novo sistema monetário, impulsionado, sobremaneira, pelo crédito público nacional, em detrimento do sistema financeiro privado, cuja rentabilidade, na crise capitalista, se realiza, satisfatoriamente, não mais na economia real, mas na economia especulativa; o movimento monetário desatado pela ação de Putin, junto com o modelo de produção chinês, mais barato que o similar de Biden, ganharia velocidade estrutural na fixação de nova divisão internacional do trabalho; seria a pá de cal na hegemonia do dólar e do esgotado Acordo de Bretton Woods.
(*) Por César Fonseca é jornalista, atua no programa Tecendo o Amanhã, da TV Comunitária do Rio e edita o site Independência Sul Americana
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