A saúde pública no Distrito Federal (DF) parece ter uma doença grave. E no DNA dessa enfermidade, ao que tudo indica, está a corrupção. No centro desse câncer está novamente o Instituto de Gestão Social do Terceiro Setor (Iges). Reportagem exibida pelo DFTV 1 nesta sexta-feira (15) revela que um galpão contratado pelo Iges, bem acima de valor de mercado, é de um amigo do governador Ibaneis Rocha (MDB).
Auditoria feita pela Controladoria Geral do DF apontou falhas na contratação de empresa contratada pelo Iges em 2019, que é ligada a Marcelo Perboni, amigo de Ibaneis. O custo do contrato do galpão para armazenagem de medicamentos e insumos foi superior a R$ 17 milhões.
Marcelo Perboni, o amigo do governador, promoveu em julho deste ano a festa de 50 anos de Ibaneis. O evento aconteceu em Uberaba, interior de Minas Gerais, e contou com a participação do cantor sertanejo Bruno, que faz dupla com Marrone.
Em vídeos publicados na internet por convidados, que aparecem sem máscara e distanciamento social, estão a deputada federal, Celina Leão (PP), o controlador-geral do DF, Paulo Martins, e a primeira-dama e secretária de Desenvolvimento Social, Mayara Noronha.
Perboni é conhecido por promover festinhas no meio político. Em fevereiro deste ano, em sua casa, promoveu a festa da vitória do deputado federal, Artur Lira (PP-AL), quando ganhou a Presidência da Câmara.
O relatório apresentado pela Controladoria sobre a contratação do galpão apontou “ausência de critérios objetivos para a escolha da melhor proposta”. De acordo com o parecer da Controladoria, o Iges enviou e-mails para quatro empresas solicitando o envio de propostas, mas apenas duas teriam respondido.
Uma das propostas recebida foi descartada, porque não teria atendido as necessidades do Iges. Conforme o relatório da Controladoria, a gerente de Insumos e Logística do Iges entrou no circuito e teria conduzido o processo para que o galpão do amigo do governador fosse contratado.
Apesar de maior e bem mais barato, o galpão descartado pelo o Iges tem 5 mil metros quadrados e custaria R$ 90 mil por mês. Já o galpão contratado do amigo do governador tem 3.852 metros quadrados e custa aos cofres públicos R$ 285 mil por mês. Ou seja, mais de três vezes o valor da proposta mais barata.
Outro ponto apontado no relatório da Controladoria é que antes mesmo da divulgação de dispensa de licitação para a contratação do galpão, o Iges já estava com a proposta da empresa do amigo do governador.
Ao fim do relatório, os auditores recomendam a “instauração de processo administrativo ou interposição de medida judicial cabível para apurar desvios de conduta”.
O jornal Brasil Popular procurou o GDF para falar sobre o caso, mas até o fechamento desta edição não houve retorno.