Emissário do vereador carioca e filho do presidente iniciou tratativas para a aquisição do sistema DarkMatter, em Dubai
A senadora Kátia Abreu (MDB-MS) irá propor a convocação dos ministros da Justiça e Segurança Pública e do Gabinete de Segurança Institucional (SGI) na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado para explicar a suposta compra de sistemas de espionagem junto à empresa DarkMatter. Em suas palavras, “o Senado não pode silenciar diante da gravidade”.
O deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP) também cobrou explicações aos órgãos do governo sobre a suposta aquisição.
Segundo revelações feitas pelo UOL, durante a viagem de Jair Bolsonaro (PL) a Dubai, em novembro de 2021, um integrante do “gabinete do ódio”, emissário do vereador carioca e filho do presidente Jair Bolsonaro (PL), Carlos Bolsonaro (Republicanos), iniciou as tratativas para a aquisição de um software israelense utilizado em programas es espionagem da empresa DarkMatter – que tem sede em Abu Dhabi, a 140 quilômetros de Dubai.
Valente, em seu pedido, cobrou informações sobre as reuniões realizadas pelos funcionários do governo com os representantes das empresas DarkMatter, Polus Tech e NSO Group. “Solicito, ainda, os registros de entrada e saída de representantes das referidas empresas nas dependências destes órgãos, desde janeiro de 2019”, pede o parlamentar.
De acordo com a reportagem do UOL, a conversa entre o emissário, que também é especialista em inteligência e contrainteligência, e os representantes da DarkMatter ocorreu especificamente no dia 14 de novembro de 2021, durante a feira aeroespacial conhecida como Dubai AirShow.
Invasão de celulares
As empresas DarkMatter, Polus Tech e NSO Group são responsáveis por sistemas projetados para infectar celulares e dispositivos que usam Android e IOS. A última desenvolveu o famoso sistema Pegasus.
Esta não é a primeira vez que o vereador Carlos Bolsonaro tenta estabelecer negociações para este tipo de aquisição. Ainda em 2021, o filho do presidente interveio em uma licitação do Ministério da Justiça a fim de que a pasta comprasse o programa Pegasus. A tentativa, no entanto, fracassou depois que o Tribunal de Contas da União (TCU) suspendeu a licitação.
Nos Estados Unidos, a NSO Group, da qual um dos fundadores é hoje CEO da Polus Tech, entrou na lista de empresas proibidas pelos norte-americanos depois que os celulares de nove funcionários do Departamento de Estado foram invadidos por meio do Pegasus.
Escrito por: Caroline Oliveira / Brasil de Fato e edição por: Vivian Virissimo/CUT Brasil
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