Falta de investimento público em Saúde e de distanciamento social potencializa avanço do novo coronavírus e Roraima entra em colapso
Quando explodiu o colapso da saúde em Manaus, em meados de janeiro, a Organização Mundial da Saúde (OMS), numa entrevista coletiva realizada no dia 15 /1, criticou a situação da capital manauara e alertou que Amapá, Rondônia e Roraima estavam prestes a repetir o mesmo cenário macabro.
O alerta se tornou realidade. Ainda em 11 de janeiro, o estado entrou em colapso. Para antecipar-se ao caos, o senador Telmário Mota (PROS-RR) enviou um ofício ao ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, e ao governador de Roraima, Antonio Denarium, pedindo providências urgentes para evitar o colapso da saúde do estado, ante o aumento significativo de casos de Covid-19.
“O senador também pediu, por meio de ofício ao Ministro de Relações Exteriores da Venezuela, Jorge Arreaza, a colaboração da Venezuela, com o fornecimento de oxigênio, assim como feito a Manaus”, informa a nota divulgada à imprensa.
“Minha preocupação se deve ao caos vivenciado nos últimos dias pelo Estado do Amazonas, vizinho a Roraima, com a falta de oxigênio e morte de várias pessoas. Além disso, o Hospital Geral de Roraima, único para casos graves da doença em todo o estado, já tem 100% dos leitos de UTI ocupados, segundo boletim epidemiológico da Secretaria de Saúde (Sesau), e há cerca de uma semana, só contava com estoque de oxigênio para 7 dias, conforme confirmado pelo secretário de Saúde, Marcelo Lopes”, disse.
E acrescentou: “Não podemos esperar que aconteça, em Roraima, o mesmo que ocorreu no Amazonas: pacientes morrendo por falta de oxigênio. Isso é uma ingerência tremenda e falta de compromisso com a vida. Não bastasse esse fato, ainda soubemos que Rondônia também precisou enviar pacientes a outros estados por falta de leitos. O que falta para agirmos em Roraima? Os sinais são claros”, comentou o senador.
Nesse domingo (25), o senador voltou a demonstrar preocupação com o aumento de casos em Roraima por meio de seu Twitter. Ele cobrou a reabertura do hospital de campanha e a ação da Prefeitura de Boa Vista, com a abertura de todas as Unidades Básicas de Saúde para atendimento aos casos suspeitos e confirmados de Covid-19, bem como o aumento da equipe médica, fornecimento de medicamentos e exames diagnósticos. “Hoje, apenas oito dos 34 postos de saúde da capital atendem casos de Covid-19”, informou.
No sábado (24), o consórcio de veículos de imprensa dava conta de que o Hospital Geral de Roraima (HGR), única unidade que trata de casos graves da doença em todo o estado, atingiu 100% de ocupações em leitos de UTI para Covid-19 e que o número de infectados chegou a 72.313.
O número de óbitos, no sábado, chegou a 821 mortes por Covid-19. Há 58 mortes em investigação e mais 42 mortes registradas como síndrome respiratória aguda grave não especificada. Foram confirmados 186 novos casos só no sábado, segundo números do boletim epidemiológico da Secretaria de Saúde (Sesau).
Alerta da OMS sobre o caos foi dado em dezembro de 2020
Sem infraestrutura, sem insumos médico-hospitalares, sem distanciamento social e sem a política nacional de combate a pandemia da Covid-19, a Região Norte, segundo o diretor de Emergências da OMS, Michael Ryan, informou, aquela entrevista coletiva de meados de janeiro, que a entidade está acompanhando de perto a situação de Manaus e que a alta nos casos de Covid-19 foi notificada ainda no meio de dezembro de 2020.
“A situação se deteriorou de forma significativa”, disse. Segundo ele, a ocupação de UTIs em Manaus é de 100% nas últimas duas semanas. “Mas não é a única área. Tivemos grandes problemas em relação à capacidade de UTI em Rondônia e Amapá. E uma taxa positiva (em testes) muito elevada, de 54% e 46%, respectivamente. Portanto, outras regiões estão sendo afetadas”, afirmou. Ele também insiste que a crise não se limita a Manaus e também atinge outras cidades do estado.