A morte do presidente da superintendência regional do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) no Rio Grande do Sul, por complicações da Covid-19, Tarso Teixeira, 69 anos, revela um quadro de negacionismo quanto à viralidade do coronavírus. Segundo apuração do jornal Folha de São Paulo, no dia 04, o dirigente que também era vice-presidente da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (FARSUL), já havia sido denunciado ao Ministério Público do Trabalho e à Ouvidoria do Incra por desrespeitar as normas sanitárias de prevenção à Covid-19. E principalmente, por colocar a vida dos servidores em risco.
A Confederação Nacional das Associações dos Servidores (Cnasi) do Incra denunciou por meio de representações no Ministério Público do Trabalho MPT) e na ouvidoria do órgão, as situações em que eram submetidos os trabalhadores. Desrespeito às normas sanitárias, além de pressão para que retornassem, presencialmente à autarquia sem segurança para evitar contaminação. O próprio dirigente realizava reuniões sem o uso de máscara (foto), exemplo seguido por seu chefe de gabinete. No conteúdo do documento, “os servidores da Superintendência Regional do Rio Grande do Sul denunciam o descaso da atual direção do Incra/RS com a situação de emergência epidemiológica atual, comportamento este responsável pela ocorrência de surto na sede desta autarquia, uma semana após a determinação de retorno dos servidores ao trabalho presencial em regime normal”. Tarso estava internado no Hospital de Clínicas de Porto Alegre, deixando mulher e três filhos.
O diretor do Cnasi, Reginaldo Marcos Aguiar destaca que “não existe tratamento e nem vacina sendo aplicada no Brasil e os servidores estão sendo obrigados a trabalhar presencialmente. São cerca de três mil servidores no Incra, muitos fazem parte do grupo de risco”. De acordo com a associação, já foram 13 mortes por conta da Covid-19.
Superintendente regional do Incra/RS, Tarso Teixeira (ao fundo), participa de reunião em novembro, sem usar máscara.