Trabalhadores que atuam no Pronto Atendimento da Vila Cruzeiro (PACS), em Porto Alegre, realizaram uma paralisação de 30 minutos para homenagear o colega vítima da Covid-19 e denunciar as péssimas condições de trabalho.
O auxiliar de enfermagem, Altemar Escobar da Silva, 54 anos, falecido, na terça-feira (16) de Covid-19, expõe a dura jornada de trabalho em que os profissionais da saúde têm vivido desde que começou a pandemia do novo coronavírus.
O Brasil responde por um terço do total de mortes por Covid-19 entre os profissionais da categoria. O dado, considerado alarmante em razão do fato de que, sem eles, salvar vidas nos hospitais todos os dias se torna uma tarefa difícil.
De acordo com apuração do espanhol El País, o dado global mais recente sobre letalidade da Covid-19 entre profissionais da área de saúde foi divulgado em novembro de 2020 pelo Conselho Internacional da categoria, e dava conta de 1.500 mortos em 44 países — a cifra já deve ter sido superada em muito até esta sexta-feira (19/3).
Em Porto Alegre, os colegas de Altemar consternados organizaram o ato de forma espontânea, no mesmo horário em que ele estava sendo sepultado. Cobraram a necessidade de mais profissionais de saúde, de vacinação geral e de lockdown urgente. “Sabíamos que esse dia ia chegar diante das estatísticas mas quando chega, dói muito. Nós não temos colegas para atender tantos pacientes. Nós viramos uma UTI e nós éramos um Pronto Atendimento”, lembrou a enfermeira Daniela Januario Padilha.
“Essa vacina demorou para chegar e o nosso colega foi contaminado por causa dessa sobrecarga”, completou a enfermeira. Altemar recebeu as duas doses da vacina contra a Covid-19, mas se contaminou trabalhando. O diretor-geral do Sindicato dos Municipários de Porto Alegre (Simpa), João Ezequiel, esteve na manifestação e ressaltou a necessidade da luta por “proteção diária dos profissionais que estão na linha de frente, arriscando as suas vidas, para atender à população no combate à pandemia”.
E defendeu a necessidade da imunização geral. Altemar estava internado desde o dia 4 de março, no Hospital Militar de Porto Alegre. Ele era bombeiro aposentado também. Depois desse período se dedicou à enfermagem. O jaleco usado por Altemar foi colocado na estrutura montada para atender a pacientes com Covid-19, local em que ele atuava no período noturno.
Altemar foi o primeiro trabalhador a morrer no Pronto Atendimento da Vila Cruzeiro por Covid-19.
Com informações do Simpa