Servidores, sindicalistas e população se mobilizaram, em todo o País, contra o desmonte do Banco do Brasil e a política econômica destrutiva do governo Bolsonaro
Servidores do Banco do Brasil e dirigentes do Sindicato dos Bancários, de todo o País, foram às ruas, nesta quinta-feira (21), para um ato público contra a demissão de 5 mil funcionários até o início de fevereiro, a desativação de 361 unidades, entre as quais 112 agências e 242 postos de atendimento, ataque aos direitos dos trabalhadores, que estão sendo removidos dos seus pontos, com comissões reduzidas. Enfim, contra tudo aquilo que o governo Bolsonaro chama de “reestruturação do Banco do Brasil”.
Até agora, segundo dados dos Sindicatos do Bancários, o saldo da chamada “reestruturação” do Banco do Brasil, anunciado pelo ministro da Economia e banqueiro, Paulo Guedes, só deu lucro para o Banco BTG Pactual, que já levou de lambuja a Carteira de Créditos do Banco do Brasil, privatizada pelo governo Bolsonaro.
“Os cortes previstos na reestruturação do BB não fazem menor sentido. O lucro líquido, em 2020, foi R$ 17 bilhões. Crescimento de 122% em relação ao ano anterior. A base clientes cresceu e atingiu 73 milhões. Porém, mais de 17 mil postos de trabalho foram eliminados e 1.058 agências fechadas nos últimos cinco anos, entre o início de 2016 e setembro do ano passado”, informa o Sindicato dos Bancários da Bahia.
No Distrito Federal, o ato público mobilizou servidores, dirigentes sindicais e população da capital, na manhã desta quinta-feira (21). O Dia Nacional de Luta em Defesa do Banco do Brasil foi realizado em frente a uma agência do banco no Cruzeiro, cidade-satélite mais próxima do centro de Brasilía. A agência existe na capital do País há 50 anos e seria uma das 361 unidades a serem fechadas em todo o País.
Além da severa desindustrialização do País, o governo Bolsonaro e o ministro da Economia, o banqueiro Paulo Guedes, põem e curso o desmonte do principal banco nacional. Esse projeto, que eles chamam de “processo de reestruturação” está previsto desde o início do governo bolsonarista. A agência do Cruzeiro tem 19 funcionários – 11 concursados e oito terceirizados.
Kleytton Morais, presidente do sindicato, disse que o desmonte do BB em implantação pelo governo federal, por determinação do presidente da República, Jair Bolsonaro, faz parte da privataria dos bancos públicos, iniciada nos anos 1990 pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
Durante o ato, foi anunciada a criação de um comitê comunitário de lutar contra o fechamento da agência do Cruzeiro e contra o desmonte. Dentre os participantes do colegiado, estão a Associação de Moradores, a Associação Comercial local e a Associação Recreativa Unidos do Cruzeiro (Aruc).
“Nos últimos anos, já fecharam a agência da Caixa Econômica Federal, o posto do Corpo de Bombeiros e tiraram o Batalhão da PM. Se fecharem o Banco do Brasil, o que vai restar para a população do Cruzeiro”, questionou o presidente da Aruc, Rafael Fernandes.
Enfraquecer e sucatear para privatizar
Além da extinção de 361 agências de um dos principais bancos do País, o chamado “processo de reestruturação do Banco do Brasil” prevê a demissão de cinco mil empregados concursados e terceirizados. O objetivo, segundo denúncia do Sindicato dos Bancários, é enfraquece a instituição e abrir espaço para que a concorrência entre em nichos importantes de posicionamento de mercado.
No entendimento da diretoria do Sindicato dos Bancários, o redesenho não leva em conta os impactos sobre o funcionalismo e o papel importante da instituição secular, que é o BB, de ser um banco público, com responsabilidades com acionistas e focado na inclusão da sociedade brasileira. “O que dizem para o mercado é que se trata do fortalecimento do BBl, mas o que vemos é o contrário. Estão entregando fatias consideráveis e rentáveis para outros setores, diminuindo os resultados da instituição”.
Um exemplo da privatização é a venda pelo Banco do Brasil da carteira de créditos ao BTG Pactual, banco do qual Paulo Guedes é fundador, e considerado o maior banco de investimentos da América Latina. “Um absurdo que levanta muita suspeita”, aponta o presidente do sindicato.
Ele denuncia que a reunião do Conselho de Administração que aprovou a reestruturação do BB não teve a presença da representante dos funcionários. “O banco está redesenhando sua estratégia sem a participação dos trabalhadores. Isso dificulta o processo e gera efeitos negativos para a instituição”.
Ele também descarta a privatização do BB. “Não acredito que isso seja viável, devido à resistência da sociedade, dos funcionários e de outros agentes que precisam do banco. Entre esses agentes, o presidente do Sindicato dos Bancários, que é funcionário de carreira do BB, cita o agronegócio, a agricultura familiar e os industriais. “Esses agentes salvaguardam o BB como instituição pública eficiente e eficaz”, completa o sindicalista.
Com informações dos Sindicatos dos Bancários e site Brasília Capital