O navio Stellar Banner vai ser afundado amanhã, 12, segundo informou a Marinha do Brasil por meio de nota. O navio mercante de responsabilidade da Polaris Shipping encalhou de forma proposital na costa do Maranhão em fevereiro deste ano, após a abertura de duas fissuras no casco do graneleiro. Segundo a Marinha, o trabalho que antecede o afundamento do navio continua para retirada de todo o material que possa causar danos ambientais.
“As empresas de salvatagem continuam com a retirada de objetos flutuantes, contaminantes e hidrocarbonetos de bordo. O AHTS (Anchor Handling Tug Supply) Bear, o OSRV (Oil Spill Response Vessel) Água Marinha na contingência, o OSV (Offshore Support Vessel) Normand Installer e o Navio de Apoio Oceânico (NaPaOc) “Iguatemi”, da Marinha, estão na cena de ação para monitorar as atividades e vão permanecer no local após o alijamento, a fim de verificar possíveis contaminações ou materiais volantes que porventura se desprendam do Stellar Banner”, disse a Marinha em nota.
A decisão de afundar o navio foi divulgada pela Marinha no último sábado (6). Na quinta-feira (4) o Stellar Banner foi rebocado de onde ficou encalhado e passou a ficar em águas mais profundas, a cerca de 111 km de São Luís. O reboque do navio se tornou possível após a remoção de cerca de 145 mil toneladas de minério de ferro e 3,9 mil metros cúbicos de óleo do Stellar Banner.
Riscos ambientais
A preocupação dos especialistas em meio ambiente é com os cuidados que deverão ser tomados para que não haja impacto na vida marinha. De acordo com a Marinha, antes de afundar o navio, equipes especializadas neste tipo de operação ainda vão retirar o que sobrou de óleo na embarcação.
A engenheira ambiental Larisse Aires, disse que embora seja um processo planejado, porque já foram removidos cerca de 145 mil toneladas de minério de ferro e 4.000 toneladas de óleo da embarcação, ainda em abril, deve haver, sim, um impacto ambiental.
“Quando a gente fala sobre alijamento de navio vale ressaltar que há sim um impacto ambiental inerente a esse processo principalmente aos seres vivos bentônicos (macroalgas, microalgas e plantas aquáticas…) e alguns seres menores da cadeia marinha que são imediatamente impactados, principalmente por produtos tóxicos, como o óleo, a tinta do navio, etc”, disse a engenheira.
O engenheiro ambiental Márcio Vaz, disse que, em um contexto geral, um impacto, embora menos significativo, pode ser estabelecido, segundo ele, como a turbidez das águas no entorno do casco.
“Se não foi retirado todo o minério deixado no porão, não é grave porque o minério é material inerte, é argila, óxido de ferro. Esse material vai oxidar, vai enferrujar e vai ser liberado um material fino nas águas de entorno modificando material em suspensão que a gente chama de turbidez, só que isso não é significativo em função do volume de sedimento que seria liberado a partir desse minério no contexto de milhões e milhões de metros cúbicos de água do mar no entorno. Então, no máximo, você poderia ter uma turbidez sendo afetada localmente no entorno do casco, que não seria de forma algum impacto significativo no ambiente marinho”, disse Márcio Vaz.
“A decisão de afundamento do navio foi da empresa armadora da embarcação, Polaris Shipping, uma vez que todas as possibilidades se esgotaram, sendo o alijamento a solução mais segura e viável, levando em consideração as severas avarias sofridas pelo navio, constatadas após análise de relatórios estruturais. A Secretaria Estadual e Meio Ambiente vem acompanhando as tratativas e procedimentos adotados pela empresa de salvatagem desde o início do incidente marítimo, auxiliando na tomada de decisões das autoridades marítima e ambientais.
Acidente com o navio
O navio Stellar Banner sofreu duas fissuras no casco no dia 25 de fevereiro, logo após ter saído do Terminal Portuário da Ponta da Madeira em São Luís, com destino a um comprador em Quingdo, na China.
A embarcação possui capacidade para 300 mil toneladas de minério de ferro e tem 340 metros de comprimento, o equivalente a dois campos de futebol. O navio tinha 20 tripulantes, sendo 12 coreanos e oito filipinos. Ninguém ficou ferido.