Nesta segunda-feira, Trump volta ao governo dos Estados Unidos cheio de intenções e projetos assustadores, mas também enfrentará alguns desafios.
Ele tinha prometido, na campanha presidencial, “acabar com o problema de Gaza” antes mesmo de tomar posse. Mas quem conseguiu o cessar-fogo foi Biden, nos últimos dias de seu governo – e as manchetes do mundo inteiro esqueceram Trump e voltaram seu foco para Biden. E Biden aproveitou para desafiar Trump a provar que tinha tido algo a ver com o cessar-fogo. A resposta foi o silêncio, mas, logo depois, Netanyahu ameaçou retardar o cessar-fogo até que o Hamas fornecesse a lista de reféns a serem libertados. Assim, faria esse momento acontecer já no governo Trump. A exigência de Netanyahu pode ter sido provocada por exigência de Trump, embora a assinatura do acordo, ainda no governo Biden, pudesse ser um aviso a Trump para que ficasse ciente de que não deveria esperar uma convivência fácil e obediente com Netanyahu.
Outro desafio a Trump foi o do promotor especial Jack Smith, que conduziu a investigação criminal sobre a responsabilidade de Trump na invasão do Capitólio há quatro anos.
Trump pretendia demitir Smith no primeiro minuto de seu governo, mas Smith antecipou-se, pediu demissão e deixou um relatório avassalador que poderá ser o ponto de partida de um processo criminal depois que Trump deixar o governo.
Um terceiro desafio é o de Steve Bannon, o mais temível estrategista e ideólogo da extrema direita mundial. Bannon foi assessor de Trump em seu primeiro governo e agora está numa briga feia com Elon Musk, o novo “big brother” de Trump. Em recente entrevista ao Corriere della Sera italiano, Bannon anunciou que vai fazer tudo para impedir a entrada de Musk na Casa Branca, de modo a evitar que o negocismo de Musk comprometa a linha dura ideológica do governo Trump em relação à China, cujos avanços constituem a maior obsessão de Trump. Musk tem uma fábrica da Tesla na China e outros negócios e interesses por lá, com um relacionamento muito amigável com o governo chinês.
Bannon não tem o público de milhões que Musk tem no X, mas dispõe de grande poder de fogo entre os formadores de opinião da extrema direita americana e mundial. E daí…
(*) Por José Augusto Ribeiro – jornalista e escritor, é colunista do Jornal Brasil Popular com a coluna semanal “De olho no mundo”. Publicou a trilogia A Era Vargas (2001); De Tiradentes a Tancredo, uma história das Constituições do Brasil (1987); Nossos Direitos na Nova Constituição (1988); e Curitiba, a Revolução Ecológica (1993); A História da Petrobrás (2023). Em 1979, realizou, com Neila Tavares, o curta-metragem Agosto 24, sobre a morte do presidente Vargas.
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