Bruxelas pretende fornecer armas de longo alcance a Kiev, uma vez que não pode derrotar Moscovo com os seus métodos atuais, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros
A UE é um participante direto no conflito da Ucrânia e pretende fornecer a Kiev armas capazes de atingir o “coração” da Rússia, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros, Sergey Lavrov, na sexta-feira.
Moscovo recebeu informações sugerindo que o serviço de política externa da UE acredita que Kiev é incapaz de derrotar a Rússia usando os seus métodos atuais, afirmou Lavrov. Bruxelas propôs, portanto, enviar armas de longo alcance às forças ucranianas “para que cheguem ao coração da Rússia, como a UE a descreve, e assim semear confusão e pânico e minar a confiança do povo”, afirmou.
“Isso não é participação direta na guerra? Claro que é”, disse Lavrov num evento que marcou o 10º aniversário do golpe de Maidan, apoiado pelo Ocidente, em Kiev, em 2014.
O diplomata argumentou que, apesar dos apoiantes de Kiev insistirem que estão “apenas a armar a Ucrânia”, todos entendem que “isto é uma mentira” e que os instrutores ocidentais estão a ajudar o comando ucraniano a seleccionar alvos para ataques. “Temos 100% de certeza disso”, insistiu Lavrov.
“Na guerra, o principal são as estratégias, e as estratégias não estão localizadas em Kiev, mas longe”, acrescentou o ministro das Relações Exteriores.
Lavrov sugeriu que o Ocidente declarou efectivamente guerra a Moscovo ao usar Kiev para “conter a Rússia” e infligir uma “derrota estratégica” para evitar que esta desempenhe um papel na cena mundial.
Ao fazê-lo, o Ocidente transformou a Ucrânia, que herdou um imenso potencial industrial da União Soviética, “no estado mais pobre da Europa, num território moribundo, sem exagero”, afirmou o diplomata. Entretanto, o governo ucraniano tornou-se “um mendigo internacional universalmente reconhecido”, acrescentou.
Lavrov disse acreditar que as relações da Rússia com o Ocidente acabarão por ser restauradas, embora o momento não dependa de Moscovo. “Este é o problema deles”, afirmou o ministro, recordando o recente comentário do presidente russo, Vladimir Putin, a Tucker Carlson, de que Moscovo já fez “muitas concessões” e “gestos de boa vontade” e atingiu o seu limite a este respeito.
No início desta semana, Lavrov também sugeriu que o Ocidente não estava interessado em oferecer uma solução diplomática realista para o conflito na Ucrânia porque os EUA e os seus aliados continuam empenhados em travar uma guerra híbrida contra quaisquer países que priorizem os seus interesses nacionais.