Quem vê hoje o Memorial JK, entre a Câmara Legislativa e o Palácio do Buriti, não faz ideia do que foi a novela da sua inauguração.
Os militares não aceitavam o monumento. O notável arquiteto Oscar Niemeyer criou uma torre que teria no alto uma estátua de JK, o braço erguido com o seu gesto habitual, a mão levemente curvada. A forma da própria torre lembrava esse gesto.
Para a mente criativa dos militares, aquilo era uma provocação do arquiteto. Lembraria o símbolo do comunismo: a foice e o martelo.
Pronto. A obra foi paralisada. O tempo passava e nada de inauguração. Até que Dona Sarah, a viúva de Juscelino, conseguiu uma audiência com o ditador, João Figueiredo, que suspendeu o impedimento.
Só que já corria 1981 e a obra já se deteriorava, exigindo grandes reparos.
Eu era repórter do Correio Braziliense e havia cumprido uma pauta com o notável fotógrafo Francisco Gualberto. Na volta, a Kombi contornava o terreno do Memorial e chamei a atenção dele. Criaram tanto caso e um operário dava vida ao que queriam impedir.
“Para!” Gualberto já mentalizava a imagem. Desceu da Kombi e fez esse flagrante monumental.
Mais tarde, passaria na minha mesa e confidenciaria que o editor vetou a publicação. Usei a amizade e pedi para “publicá-la” na sala de minha casa.
Que surpresa! Gualberto imprimiu essa beleza de imagem e a levou para mim.
Saudade de meu amigo Gualberto e das minhas andanças como repórter da editoria de cidade em Brasília.