“Hospitais particulares. Planos de Saúde. OSs. Santas Casas. Eficiência do SUS é comprometida por instituições da medicina privada, que capturam os recursos públicos, priorizam o lucro e desorganizam o sistema. Que estratégia permitirá afastá-las?”
O site Outras Palavras publicou, recentemente, uma entrevista na qual o editor Antonio Martins entrevista Adriano Massuda e José Gomes Temporão, com imagem: Charles Alston, mostrando que as décadas de estrangulamento financeiro abriram, na Saúde Pública, brechas crescentes para terceirização, descoordenação e precarização.
Tais processos corroem o atendimento público e a relação com profissionais. “Será preciso enfrentá-los”, afirma Martins na abertura da matéria disponibilizada no site. A matéria está gravada na plataforma You Tube no programa intitulado Resgate, uma iniciativa do Outras Palavras que busca discutir as possibilidades de o País superar o fascismo em curso e de reconstruir o Brasil em novas bases.
Com o título “Uma estratégia para desprivatizar o SUS”, Martins, Temporão e Massuda mostra “que nenhum dos problemas do SUS será sanado, sem multiplicar os recursos empregados no sistema, é consenso. Chega a ser espantoso que tenha havido, nas últimas décadas, expansão dos serviços, e mesmo inovações de grande relevância – a Estratégia de Saúde da Família, por exemplo, foi implantada progressivamente, a partir de 1994 –, em meio à exiguidade de dinheiro. Mas num cenário de superação do neoliberalismo fiscal, para o qual o projeto Resgate se volta, não bastarão mais verbas: será preciso corrigir problemas estruturais. Em 12 de agosto, dois grandes pensadores e militantes da Saúde Pública discutiram um dos mais relevantes”.
O ex-ministro José Gomes Temporão (hoje na Fiocruz) e o ex-secretário da Saúde de Curitiba Adriano Massuda (atualmente professor da FGV) abordaram a privatização que corrói, por dentro, o Sistema Único de Saúde. Falaram sobre a onipresença de hospitais e centros de diagnóstico privados. Denunciaram a entrega, a particulares, da gestão das próprias unidades de atenção primária (porta de entrada e interface central da Saúde Pública com os usuários). Trataram da captura, por interesses privados, dos próprios equipamentos públicos (por meio da indicação partidária e clientelista de seus gestores). Apresentaram, para cada déficit, alternativas concretas. O investimento intenso, em especial na atenção básica, é o início de tudo. Mas precisa ser complementado com um plano de carreira nacional para os profissionais da Saúde; com modelos de gestão e contratação contemporâneos (os atuais são dos anos 1950); com um novo protagonismo público, mesmo na relação com os prestadores privados; com novo federalismo transformado– capaz de manter a autonomia dos municípios e, ao mesmo tempo, de impedir a fragmentação do sistema. Uma tentativa, sempre limitada, de resumir o que disseram vem a seguir: clique aqui e confira matéria na íntegra no site do Outras Palavras.