Ato defende a renúncia de convênios acadêmicos, incluindo com Universidade de Haifa, que abriga programas de desenvolvimento militar
Estudantes da Universidade de São Paulo (USP) aderirram nesta terça-feira (07/05) às mobilizações pró-Palestina que se espalham por instituições dos Estados Unidos e Europa. Um acampamento em defesa da Palestina e contrário ao governo sionista de Israel foi armado no vão do prédio de história da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), reunindo mais de 20 barracas até esta noite.
A Opera Mundi, dois dos estudantes à frente do acampamento, Noah Silva, do curso de história, e João Conceição, de letras, a continuidade do acampamento será avaliada dia a dia e não há previsão para o encerramento da mobilização.
De acordo com Silva, o movimento exige o rompimento de sete convênios da USP com três instituições israelenses, inclusive a Universidade de Haifa, que abriga programas de desenvolvimento militar.
A presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Manuela Mirella, presente no ato de inauguração do acampamento, definiu como reivindicação central da mobilização junto à reitoria a exigência de que a USP rompa relações institucionais com universidades israelenses.
Mirella prometeu que a mobilização “vai se estender a todas as instituições que tenham relações com universidades de Israel”. “Nós vamos ocupar cada universidade do Brasil”, afirmou.
No início da primeira mesa de debate da noite, perto das 19h, os ânimos se exaltaram quando um estudante pró-Israel confrontou os manifestantes e foi expulso do prédio por cerca de 100 alunos aos gritos de “fora, sionista”.
Apoiado por mais de 40 organizações e movimentos sociais, o acampamento abriu espaço para manifestações de União da Juventude Comunista (UJC), Juventude do PT, Sindicato dos Trabalhadores da Universidade de São Paulo (Sintusp), Sindicato dos Técnicos em Segurança do Trabalho no Estado de São Paulo (Sintesp) e Sindicato dos Metroviários, que denunciou a punição de 15 trabalhadores pelo governo de Tarcísio de Freitas por terem se manifestado em solidariedade à Palestina nas redes sociais do sindicato, entre outros.
“Tarcísio é o representante número um do sionismo em São Paulo”, criticou o coordenador-geral dos Metroviários, Alex Fernandes, reivindicando que o acampamento sirva para exigir que não apenas a USP, mas também o governo Lula rompa relações com Israel.
Já o metroviário Altino Prazeres Jr., pré-candidato do PSTU à prefeitura de São Paulo, criticou acordos do Brasil para adquirir equipamento militar de Israel: “não basta Lula dizer que é genocídio. O que se faz diante de genocídio? No mínimo se rompem relações com o Estado genocida”.
O movimento por moradia, a Luta Popular, afirmou que protegerá os acampados de qualquer repressão ou tentativa de agressão.
Acampamento pró-Palestina
A iniciativa do acampamento partiu de diferentes entidades estudantis da Universidade de São Paulo, organizadas em torno do Comitê de Estudantes em Solidariedade ao Povo Palestino (ESPP-USP).
Nesta quarta-feira (08/05), às 11h, irá ocorrer uma oficina realizada por membros do Coletivo Vozes Judaicas pela Democracia, uma das entidades que apoia o movimento dos estudantes.
O segundo evento, ainda na quarta, é uma mesa de debate sobre a solidariedade internacional à palestina, agendada para 18h, e que contará com a presença do jornalista Breno Altman, fundador de Opera Mundi, e do acadêmico Reginaldo Nasser, professor livre-docente na área de Relações Internacionais da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e especialista em temas relacionados ao Oriente Médio.
Além disso, junto ao acampamento, os estudantes da USP iniciaram um abaixo assinado para pressionar que a instituição, demais universidades brasileiras e o governo Lula rompam relações com o Estado de Israel.