Uma empresa histórica, com quase 150 anos, que já foi símbolo de gestão e boas práticas públicas vai ser desestatizada e vendida. O processo, autorizando o prefeito Sebastião Melo(MDB) a cometer essa atrocidade contra a Companhia Carris Porto Alegrense foi aprovado nesta quarta-feira, 8 de setembro, na Câmara Municipal por 23 votos favoráveis da base aliada do prefeito e 13 contrários, ao Projeto de Lei 13/2021. O posicionamento contrário veio das bancadas do PT, PC do B, PSOL e PDT. A justificativa do projeto do município, se apoiava no déficit apresentado desde 2012, e que em 10 anos o governo teve de aportar mais de de R$ 500 milhões de reais para sustentabilidade financeira da companhia.
Os trabalhadores permaneceram mobilizados na parte externa do prédio do Legislativo acompanhando a sessão que durou mais de 8 horas. A votação ocorreu praticamente vazio, foram distribuídas apenas 30 senhas para acompanhar a sessão. Os vereadores da oposição apresentaram 8 emendas na tentativa de salvaguardar o patrimônio, mas todas foram rejeitadas. O vereador Pedro Ruas (PSOL) pediu mais tempo para o debate. Uma empresa administrada por uma cooperativa de trabalhadores, foi uma das propostas apresentadas pelo vereador Roberto Robaina (PSOL). “Ainda terá muita luta pela frente, a Carris pode voltar a ser pública”, ressaltou a vereadora Bruna Rodrigues (PC do B). O projeto foi aprovado perto das 23h. Com muito choro dos trabalhadores presentes ao plenário.
“É muita covardia, mais uma vez os vereadores aliados do prefeito se curvaram aos interesses dos empresários de ônibus.O projeto aprovado não vai baratear a passagem , mas vai atirar milhares de mães e pais de família no desemprego, piorando a vida da classe trabalhadora e piorando o atendimento”, ressaltou o presidente da CUT/RS, Amarildo Cenci.
Lutar na Justiça e batalhar para tentar barrar a entrega da Carris e defender o patrimônio público”, ressaltou o presidente da CUT/RS. Convocou os trabalhadores a participarem do Plebiscito Popular sobre as privatizações no Rio Grande do Sul que será realizado no período de 16 a 23 de outubro.
“Parece um pesadelo, a gente lutou tanto. Estamos de luto. Não existe mercado de trabalho, com a extinção dos cobradores e da Carris vão ser quase 5 mil pessoas na rua. Não adianta me dar qualificação se não tenho emprego”, disse a cobradora Rosângela Machado.
Os próximos passos para tentar liquidar o patrimônio da Carris pela prefeitura
O edital de privatização da Carris ainda está em processo de finalização pela Secretaria de Parcerias Estratégicas do município. Posteriormente haverá análise do Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Sul (TCE/RS) durante 60 dias. Após esta análise e revisão é que o edital poderá ser lançado pela prefeitura. A previsão é que isto ocorra no segundo semestre de 2022.
Com informações da CUT/RS