Com 89 casos e um óbito, a cidade de Dourados, em Mato Grosso do Sul, lidera o número de infectados e de internados em UTI
O último boletim do Distrito Sanitário Especial Indígena apresentou mais de 150 casos e duas mortes. A doença atingiu aldeias sem nenhum infectado pelo novo coronavírus há 2 meses. A Secretaria Estadual de Saúde atribui o surto à volta às aulas presenciais e a falta de imunização de adolescentes indígenas, iniciada com cerca de um mês de diferença em relação à vacinação de adolescentes não indígenas —até então, não havia permissão por parte do Ministério da Saúde. Por ora, as aulas nas comunidades que registraram casos estão suspensas.
A Pasta também reivindica à Secretaria Especial do Ministério da Saúde a liberação das doses de reforço para todos os indígenas acima de 18 anos, fornecimento de testes para covid-19 e o envio de profissionais da saúde para atuarem nas aldeias. Em todo o Mato Grosso do Sul, cinco indígenas estão internados com a covid-19 em leitos clínicos e, seis, em Unidades de Terapia Intensiva UTI).
“Nosso objetivo é erradicar esse surto e trabalhar para que ele não vá para outras regiões do estado e comunidades, para que a gente não tenha um descontrole”, afirma o secretário de Saúde, Geraldo Resende, que destaca que o estado é um dos que mais vacinaram nos últimos meses.
Em nota pública, o MS informou que conta com mais de 700 profissionais nas aldeias e que já enviou mais de 5 mil testes rápidos para combater a proliferação da doença. No entanto, segundo informações do Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde (CIEVS), a situação demanda urgência. Uma pesquisa realizada pelo centro, em parceria com o Distrito Sanitário Especial Indígena no Estado do Mato Grosso do Sul (DSEI–MS), o surto em aldeias é marcado pela ocorrência de no mínimo três casos positivos ou óbitos, no mesmo ambiente.
O cuidado com as aldeias é responsbilidade do Ministério da Saúde
Nas terras indígenas de Dourados foram contabilizados 89 casos da doença, na quinta-feira (4/11), o que representa um número 29 vezes maior do que aquilo que é considerado surto. Tacuru é a segunda cidade com maior incidência, registrando 25 casos. Logo atrás vem Paranhos (18), Caarapó (7), Japorã (6) e Amambai (5).
Ao todo, nas aldeias indígenas de Mato Grosso do Sul, foram registrados desde o início da pandemia 4.725 casos, com 106 óbitos e 4.564 recuperados. Além de pedir auxílio ao MS, numa recente reunião da Secretaria Saúde foram discutidos o aumento no número de ocorrências, a necessidade de estruturação das unidades de saúde para garantia de disponibilidade de equipamentos de proteção, álcool em gel, testes e leitos clínicos e de UTI.
Foi solicitada uma articulação com as Secretarias Municipais de Saúde para o fortalecimento da rede municipal. A principal estratégia traçada é o Plano de Contingência, com o monitoramento e atendimentos, além do isolamento das pessoas.
Em live, no dia 29 de outubro, o secretário de Estado de Saúde, Geraldo Resende, disse que a responsabilidade das aldeias é do Ministério da Saúde, mas que a SES tem se colocado à disposição para ajudar no que for preciso.
“É importante a gente dizer que esses surtos, dentro das reservas indígenas, poderiam ter sido evitados se nós tivéssemos iniciado um processo de imunização dentro das comunidades indígenas no mesmo tempo que iniciamos na comunidade no modo geral”, afirmou o titular da Pasta.
A campanha de vacinação em jovens e adolescentes indígenas começou no dia 29 de setembro, um mês após iniciar no mesmo público nas áreas urbanas de Mato Grosso do Sul. No dia 5/11, durante a live que divulga o Boletim Epidemiológico, o secretário mudou o tom e afirmou que não ficará discutindo de quem é a responsabilidade.
“Nós queremos construir junto com os municípios, Governo do Estado, SES e DSEI , todas as condições para que a gente tenha o cessar desse surto”, disse. esende afirmou que uma indígena de 80 anos faleceu em decorrência da doença.
“Entendo que é preciso fazer de fato a vacinação em toda a população indigena novamente, incluindo a dose de reforço nos idosos, tendo em vista que eles foram imunizados lá no início quando nós só tínhamos a vacina Coronavac”, disse.
“A vacina Coronavac após o sexto mês decai a capacidade de resposta do organismo. Eu ainda advogo a todos os adolescentes indígenas acima de 12 anos que vão se vacinar”, continuou. Por fim, relatou que as equipes irão realizar testagem em massa da população para realizar um rastreamento de casos.
Com informações da Folha de S. Paulo, Jornal da Cultura e O Popular