O site russo Sputinik divulgou, na véspera do encontro Lula-Biden, notícia que, indisfarçadamente, azedou encontro dos dois chefes de Estado; incomodou Washington, como ocorreu com a piada do Balão Chinês; o Banco Central da China e o Banco Central do Brasil, assinaram memorando de entendimento para incrementar comércio bilateral Brasil-China com utilização de moedas locais, ao largo do dólar.
É, certamente, semelhante ao que China e Rússia assinaram com o mesmo objetivo para fugir das sanções comerciais impostas por Biden a Putin, no contexto da guerra, na Ucrânia, entre Rússia x Otan/EUA; moedas locais, rublo-yuan, germe de novo sistema de pagamentos internacionais.
Igual providência se desenrola nas relações bilaterais Brasil e Argentina, depois do acerto entre Lula-Fernandes, em Buenos Aires; peso-real, nova dobradinha monetária em construção na América Latina; encontros já marcados para Brasília estão em andamento; expansão comercial, histórica, também, com dispensa do dólar.
Nicarágua, Cuba e Venezuela saíram à frente; já trabalham há algum tempo nessa linha, com China e Rússia, utilizando moedas locais, sem dar confiança às verdinhas de Tio Sam; não é à toa que a mídia corporativa, porta-voz de Washington, espuma-se de raiva com avanço dessas relações; consideram-nas prejudiciais à democracia; esta, dizem seus analistas, estaria sendo sabotada por regimes políticos “iliberais” etc.
Biden, no continente, está levando bolas e mais bolas pelas costas; nas barbas da Casa Branca, enquanto os presidentes brasileiro e americano trocavam figurinhas, China e Brasil se acertavam entre seus bancos centrais para trabalharem com real e yuan, nas relações reais, concretas etc.
Biden, certamente, está irritado, com aprofundamento das relações brasileiras-chinesas- latino-americanas, margeadas por promessas de trocas de mercadorias com suas moedas, furando o casco do navio do dólar, por meio dos Brics, a ser presidido, brevemente, pela ex-presidente Dilma.
O Brasil, de um lado, é grande exportador de alimentos e minérios, necessários à industrialização da China, enquanto os chineses se dispõem a investir em infraestrutura no Brasil; e assim vão sendo desbravadas as estradas comerciais nas terras dos libertadores José Bonifácio, José Marti, Bolívar, Tiradentes, Cardenas, Vargas, Peron, Guevara, Fidel, Sandino, Mariategui, Evo Morales etc.
ATAQUE AOS JUROS E À INFLAÇÃO EMBALADOS PELO BCI
Encontra-se em curso, portanto, novo sistema de pagamentos no contexto monetário internacional; o mundo multipolar, regionalizado, segue rota oposta para contornar o desgaste desastroso do mundo unipolar, dolarizado, especulativo, imperialista; no curtíssimo prazo, as trocas de moedas China-Brasil se traduzem em maior oferta monetária conjunta chinesa-brasileira na circulação, cujas consequências são quedas da taxa de juro e inflação.
Afinal, os dois países, ao emitirem suas próprias moedas, para trocas de mercadorias dos seus valores de uso, não pagam juros sobre elas; os Estados Unidos, que já acumulam dívida pública de 30 TRILHÕES de dólares, não pagam juros para Tio Sam; prá que, se montou sistema monetário para si, mesmo, desde Bretton Woods, em 1944, no pós-guerra?
Emite para sustentar seu mundo unipolar e rola sua dívida, obedecendo lição de Adam Smith: dívida pública não se paga, renegocia-se, esticando-a; mas, o fôlego de Tio Sam, conduzindo seu mundo unipolar, está se esgotando, historicamente, abalado na Guerra na Ucrânia, que estimula por procuração.
A mediação das trocas internacionais, pelo dólar, sobre as quais o mundo paga senhoriagem a Washington, está se esgotando; o jogo monetário montado por Tio Sam, por meio dos bancos centrais, espalhado pelo planeta, todos sintonizados com Wall Street e BIS(Banco Central dos Bancos Centrais), ao qual devem vassalagem, bate biela.
Esse é o contexto, que orienta a construção por Lula, no BNDES, da nova estratégia econômica monetária, conduzidas por Aluizio Mercadante e André Lara Resende; por meio dela, Brasil tenta fugir da tirania do Banco Central Independente, comandado pelo ditador monetário bolsonarista, Campos Neto, a serviço do imperialismo americano; heterodoxo, Lara Resende se ancora na nova teoria monetária das finanças funcionais, como antídoto ao monetarismo colonizado de Campos Neto, teleguiado pelo FED americano; ao Leonardo Attuch, do 247, Mercadante anunciou a estratégia em marcha.
DESINFLAÇÃO E DESDOLARIZAÇÃO
O comércio bilateral China-Brasil, conduzido pelos seus bancos centrais, é a nova novidade econômica que apavora a general Laura Richardson, comandante do Comando Sul dos Estados Unidos, na tarefa de enquadrar os latino-americanos aos interesses de Washington; a desinflação e a desdolarização, que as trocas de moeda imprimem, são, por ela, energicamente, condenadas, porque acelera o que Biden não quer: ampliação da presença da China, em termos cooperativos, na América Latina; de 2005 a 2023, a presença chinesa, no continente, passou de 18 bilhões de dólares para 450 bilhões; fura a estratégia americana de colonizar o continente por meio de financeirização especulativa.
Trata-se de incrementar cooperação comercial oposta à que impede a política monetária neoliberal restritiva praticada pelo Banco Central Independente, comandado por Roberto Campos Neto, serviçal de Wall Street e da Faria Lima, maior adversário da política econômica que Lula pretende implementar.
Afinal, caso seja mantida a estratégia do Banco Central Independente(CI), será impossível alcançar o que o acordo Brasil-China visa, desenvolvimento cooperativo que permitiria Lula cumprir promessas de campanha eleitoral.
Destaque-se que foi, justamente, por meio da criação de ambiente cooperativo brasileiro-chinês que Lula conseguiu, no seu segundo mandato presidencial, 2006-2010, enfrentar, com sucesso, a crise financeira especulativa mundial de 2008.
Ele, que desdenhou a crise, dizendo ser ela uma marolinha, deu, com aprofundamento da relação Brasil-China, volta por cima: controlou inflação, valorizou salários, fortaleceu mercado interno, capitalizou as empresas estatais, transformando-as em agentes desenvolvimentista, abrindo mercado externo, para empresas privadas, liquidou dívida externa, fugiu do FMI e acumulou reservas cambiais de 380 bilhões de dólares.
Lula aprendeu o caminho das pedras; propôs criação do BRICs – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – a partir de agora, aberto a novos sócios – e por meio dele, com Dilma, na sua presidência, abrirá novas picadas, como diria “Juruna, o Espírito da Floresta”, no filme de Armando Lacerda.
(*) Por César Fonseca é jornalista, atua no programa Tecendo o Amanhã, da TV Comunitária do Rio e edita o site Independência Sul Americana

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