A pandemia pelo novo coronavírus está deixando efeitos devastadores no Amazonas. Até terça-feira (16), tinham sido confirmados mais de 297,6 mil casos e mais de 10 mil mortes por Covid-19, agravados nesta segunda onda pela crise de oxigênio que se instalou, primeiramente, na capital, e, depois, no interior do estado, e pela falta generalizada de leitos nos hospitais, possivelmente, em decorrência da nova variante do vírus (P1) encontrada na região.
Em meio a esse caos, os municípios do interior padecem pela falta de estrutura básica: não tem leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva), porque não existem hospitais de alta complexidade nessas localidades, apesar de nos últimos cinco anos o Orçamento para a saúde do Estado ter aumentado em quase R$ 1 bilhão, passando de R$ 2,8 bilhões em 2016 para R$ 3,7 bilhões em 2020, um crescimento de quase 32%, que poderiam ter sido direcionados a essa necessidade.
Para tentar minimizar essa triste e preocupante situação que tem levado muito mais pessoas à morte, o deputado federal Zé Ricardo (PT/AM) apresentou Indicação, tanto ao Ministério da Saúde quanto ao Governo do Estado, propondo a construção de hospitais com UTI no interior do Amazonas, que atendem média e alta complexidade, distribuídos nas seguintes Mesorregiões ou Microrregiões do Estado: Norte Amazonense: Rio Negro e Japurá; Sudoeste Amazonense: Alto Solimões e Juruá; Centro Amazonense: Tefé, Coari, Itacoatiara e Parintins; Sul Amazonense: Boca do Acre, Purus e Madeira.
“Com tantas perdas de vidas por falta de oxigênio, UTIs e até de leitos hospitalares, só mostrou o quanto a rede de saúde do Estado precisa de mais investimentos. O interior é refém da capital, quanto ao atendimento especializado à saúde. Os governantes não se preocuparam em direcionar recursos para equipar os hospitais do interior e presenciei isso nas fiscalizações que fiz e faço em todos os municípios, motivo de cobrança minhas há muitos anos”, disparou Zé Ricardo.
Ele explicou que, apesar do orçamento para a saúde do Estado ter crescido nos últimos anos, não foi na mesma proporção do crescimento total do Orçamento Estadual, que passou de R$ 15,4 bilhões para R$ 22,8 bilhões, representando um aumento de 48,1%. E somente para este ano, o governo estadual tem previsão de gastar cerca de R$ 2,6 bilhões na área. “Recursos têm. Mas o que faltou e o que falta para planejar essa grande necessidade? Somente em Manaus tem UTI e isso é um problema gritante e que precisa ser resolvido”, destacou o parlamentar, lembrando que a luta também deve ser para revogar a Emenda Constitucional 95/2016, do Teto de Gastos, que congela os investimentos públicos por 20 anos, incluindo na saúde, para garantir o financiamento tripartite suficiente para a manutenção, consolidação e ampliação do SUS e demais políticas públicas.
A proposta de construção desses 11 hospitais foi reforçada com carta-denúncia que recebeu dos senhores Elias da Silva Souza e Eliseu da Silva Souza, com a assinatura do “povo amazonense pelo voto direto”. E assim diz em um dos trechos dessa carta: “…é muito triste o homem e a mulher do interior precisar de atendimento especializado e não encontrar em suas cidades, o que provoca duas ações: contar com a sorte no tratamento em Manaus ou esperar a morte chegar na própria cidade. Temos acompanhado o drama de transportar pacientes via UTI aérea para capital, que nem sempre esse socorro chega a tempo. Não podemos esperar uma nova pandemia para iniciar o cuidado das pessoas”.